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Negociador iraniano diz que garantia fez diferença
Ali Akbar Salehi afirma à Folha que volta do urânio se processo fracassar desatou nó
Principal autoridade do Irã em energia atômica aponta que confiança do regime no Brasil e na Turquia facilitou
o acordo firmado ontem
DOS ENVIADOS A TEERÃ
"A bola agora está no outro
lado", disse à Folha a principal
autoridade em energia nuclear
do Irã, Ali Akbar Salehi.
A declaração foi feita logo
após a assinatura do acordo fechado com Brasil e Turquia ontem em Teerã.
Para ele, já não há mais justificativa para a aplicação de sanções, como defendem os EUA e
outras potências ocidentais.
"A ideia principal da proposta dos negociadores era que enviássemos nosso estoque de
urânio levemente enriquecido
para o exterior, e isso está previsto no acordo de hoje", declarou Salehi.
"Cabe a eles agora fazer a sua
parte e abandonar esse projeto
de sanções."
A proposta apresentada em
outubro pela AIEA (Agência
Internacional de Energia Atômica) ficou na geladeira durante sete meses, embora seja, em
princípio, a mesma que foi
aprovada ontem.
Garantia
O que mudou para que o Irã
aceitasse algo a que vinha resistindo?
"O principal fator de mudança foi a introdução da Turquia
como fiel depositária do estoque de urânio iraniano e a garantia de que ele retornará ao
país caso o processo fracasse",
disse Salehi.
"Isso nos dá garantias que
não tínhamos", completou o
iraniano.
Salehi deixou claro que a
confiança na Turquia e no Brasil facilitou o acordo, que ele
chamou de "gesto de boa vontade" do governo iraniano.
Membros da comitiva brasileira disseram à Folha que o
suposto risco de exposição no
caso de um fracasso foi usado
como forma de pressionar o Irã
a aceitar o acordo.
Chefe da agência nuclear iraniana e representante do país
na AIEA, Salehi diz que o Brasil
teve papel "instrumental" para
a obtenção do compromisso.
"É um país amigo e neutro,
que fez todo esforço para não
se deixar levar pelas pressões
do Ocidente", disse.
(MARCELO NINIO e SAMY ADGHIRNI)
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