São Paulo, quarta-feira, 18 de maio de 2011

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Europa admite mexer na dívida grega

Em escolha cuidadosa de palavras, presidente do grupo do euro evita calote e fala em "reestruturação leve"

Prazo de pagamento aos credores seria estendido com adesão voluntária, depois de reformas nos gastos públicos do país


DA REUTERS

Os países europeus quebraram ontem um tabu e passaram a admitir pela primeira vez que a Grécia pode precisar reestruturar sua dívida, um movimento que pode significar jogar mais lenha na fogueira da crise na região.
Em uma reunião de ministros de Finanças europeus em Bruxelas, o presidente do grupo do euro, Jean-Claude Juncker, disse que existe a necessidade de se mover em direção à "reestruturação leve" da dívida grega.
Os termos usados pelos altos funcionários da zona do euro (que reúne 17 países) parecem ter sido cuidadosamente escolhidos para evitar pânico no mercado.
Sem usar a palavra calote, indicaram que a "reestruturação leve" da dívida seria diferente de uma moratória por se tratar apenas de ampliar o prazo de pagamento aos credores e de forma voluntária.

REFORMAS
Os europeus afirmam que antes de mexer nos termos da dívida, a Grécia também precisa adotar as medidas de austeridade exigidas no socorro financeiro concedido em maio do ano passado, como o corte de despesas.
A Grécia já recebeu € 110 bilhões de empréstimo do FMI e da União Europeia.
Juncker cobrou que a Grécia primeiro precisa levantar € 50 bilhões (R$ 115 bilhões) com seu programa de privatizações. Esse dinheiro deve ser usado para pagar dívidas, que neste momento somam quase 150% do PIB (Produto Interno Bruto) do país.
"Se a Grécia fizer todos esses esforços, então nós temos que ver se é possível fazer uma reestruturação leve da dívida grega. Eu sou estritamente contrário a uma reestruturação ampla", disse Juncker.
Olli Rehn, comissário europeu para assuntos econômicos e monetários, evitou até o uso da palavra "reestruturação", optando por "mudança de perfil" e "reescalonamento voluntário".
Altos funcionários do governo grego rapidamente confirmaram esta possibilidade, dizendo que Atenas está preparada para discutir a "reestruturação leve".
Mais tarde, no entanto, o primeiro-ministro da Grécia, George Papandreou, disse que uma reestruturação faria mais mal do que bem.
"Nós, o governo grego, instituições europeias e outros países da zona do euro ainda acreditamos que os custos [da reestruturação] superam em muito os benefícios potenciais", disse.
Cerca de 70% dos títulos da dívida grega, no valor de cerca de € 215 bilhões, estão nas mãos de estrangeiros, a maioria franceses, alemães e americanos.
Uma parte foi comprada pelo Banco Central Europeu.


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