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São Paulo, quarta-feira, 18 de junho de 2003

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GUERRA SEM LIMITES

Mujahedin Khalq, oposição armada ao regime islâmico, é acusado de usar país como base para ações terroristas

França prende 160 opositores iranianos

Jacques Brinon/Associated Press
Policial francês acompanha iranianas detidas em ação antiterror


DA REDAÇÃO

A polícia francesa lançou ontem uma forte operação contra o Mujahedin Khalq, grupo da oposição iraniana acusado de terrorismo. Em uma ação que envolveu 1.300 homens, foram detidos para interrogatório cerca de 160 simpatizantes do grupo ao norte e a oeste de Paris e US$ 1,3 milhão em dinheiro foram confiscados.
O ministro do Interior da França, Nicolas Sarkozy, disse que o Mujahedin Khalq (Guerreiros do Povo), principal oposição armada ao governo iraniano, queria transformar sua sede perto de Paris em uma "base de retaguarda", após a perda de sua base de formação de guerrilheiros no Iraque, por causa da invasão do país liderada pelos EUA.
O Mujahedin Khalq foi colocado em maio do ano passado na lista de organizações consideradas terroristas pela União Européia. O grupo havia participado da Revolução Islâmica de 1979, que derrubou o xá Reza Pahlevi, mas posteriormente rompeu com o aiatolá Khomeini. Baseados no Iraque desde meados dos anos 1980, os combatentes do grupo lutaram contra as forças americanas na guerra deste ano, mas chegaram a um acordo de cessar-fogo no mês passado.
Entre os detidos ontem estavam Maryam Rajavi, mulher do fundador do grupo, Massoud Rajavi, e chefe do Conselho Nacional de Resistência do Irã (CNRI), e Saleh Rajavi, irmão de Massoud.
Também foram presos vários responsáveis pelas finanças do grupo. Segundo a polícia, foram encontrados US$ 1,3 milhão em notas de US$ 100.
Segundo o ministro do Interior, os policiais começaram a entrar nas casas e nos escritórios do Mujahedin Khalq a partir das 6h (1h em Brasília), numa operação ordenada e liderada pelo juiz de investigações antiterror Jean-Louis Bruguiere. As buscas, realizadas em 13 locais diferentes por policiais fortemente armados, foram ordenadas com base em "possível conspiração para planejar e financiar atos de terrorismo".
Os EUA expressaram satisfação pela operação na França. "Nós nos congratulamos pelos esforços realizados no mundo para levar a cabo esse tipo de ação contra os grupos terroristas", afirmou o porta-voz do Departamento de Estado Philip Reeker.
O governo do Irã também elogiou a operação, à qual classificou de "passo positivo da França". "Esperávamos havia muito tempo que as autoridades francesas atuassem contra eles, conforme as decisões da União Européia, que classificou esse grupo como terrorista, e conforme as regras internacionais", disse um porta-voz da Chancelaria iraniana.
Em um comunicado, o CNRI disse que as detenções aumentarão a contrariedade no Irã, onde milhares de pessoas vêm protestando contra o governo conservador islâmico. "Esse ato desprezível, uma violação primitiva dos direitos dos refugiados, só foi realizado para acalmar e agradar a ditadura religiosa e terrorista que administra o Irã", disse o grupo.
A União Européia havia pedido anteontem ao Irã que permitisse inspeções internacionais mais rigorosas de seu programa nuclear.
O CNRI, uma coalizão de opositores moderados ou de esquerda ao regime islâmico do Irã, do qual o Mujahedin é o braço armado, tem escritórios em Washington (EUA) e em vários países europeus. O grupo se apresenta como um candidato potencial a substituir o regime islâmico no Irã.

Protestos
Um homem de 38 anos colocou fogo no próprio corpo ontem em frente ao Consulado da França em Londres, em protesto contra a ação policial contra o Mujahedin. Segundo a polícia britânica, o manifestante ficou gravemente ferido, mas não corria risco de morte.
Testemunhas disseram que o protesto reuniu cerca de 300 pessoas em frente ao consulado, mas a polícia afirmou que havia apenas 50 manifestantes.

Com agências internacionais


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