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Democracia não se impõe, diz Insulza sobre a Venezuela
Criticado por suposta condescendência com Chávez, dirigente da OEA ataca "intervencionismo disfarçado"
Governo venezuelano é acusado de ameaçar os jornalistas e a imprensa quatro meses antes das eleições legislativas
FLÁVIA MARREIRO
DE CARACAS
O secretário-geral da OEA
(Organização dos Estados
Americanos), José Miguel Insulza, afirmou ontem, ao ser
questionado sobre a situação
na Venezuela, que a "democracia não se impõe de fora".
"Podemos mandar 50 missões [da OEA], mas o problema da democracia na Venezuela só será resolvido pela
Venezuela", disse. O chileno
disse defender um "multilateralismo de diálogo e inclusão, ainda que mais difícil, e
não de imposição".
"Não é o velho intervencionismo disfarçado", disse,
antes de destacar que nenhum país solicitou formalmente o envio de missão à
Venezuela.
Em audiência na Câmara
dos Representantes (deputados) americana, anteontem,
Catalina Botero, relatora para a liberdade de expressão
da Comissão Interamericana
de Direitos Humanos, ligada
à OEA, afirmou que restrições a jornalistas e meios críticos na Venezuela atingem
níveis "intoleráveis".
Previu ainda que o acosso
irá piorar por conta das eleições legislativas venezuelanas, em setembro.
GLOBOVISIÓN
Às críticas dela se uniram
as de seu colega da ONU,
Frank de La Rue, que urgiu
Caracas a revogar a ordem de
prisão contra o presidente e
acionista majoritário do canal Globovisión, Guillermo
Zuloaga. O governo Chávez
pediu a destituição de La
Rue, que classificou de agente do "império" (os EUA).
Zuloaga e seu filho tiveram
ordem de detenção decretada há uma semana por usura
genérica e formação de quadrilha pela suposta ocultação de 24 veículos. Eles dizem ser perseguidos.
Ontem, o presidente venezuelano voltou a se referir ao
caso em cadeia de rádio e TV.
Cobrou que Zuloaga, foragido, não seja "covarde" e "dê
as caras". Citou também a intervenção do Banco Federal,
cujo presidente, Nelson Mezerhane, também é acionista
da Globovisión.
O banco, com quase 300
mil correntistas, está fechado
desde segunda porque o governo alega que a falta de liquidez da instituição prejudicaria os seus clientes e o
sistema bancário. Chávez já
insinuou que pode tomar as
ações de Mezerhane na TV.
Somando anteontem e ontem, Chávez ficou no ar, em
cadeia nacional de rádio de
TV, mais de cinco horas. A
quatro meses das eleições legislativas, ele tem feito intervenções de transmissão obrigatória quase diárias.
Ontem um membro do
Conselho Nacional Eleitoral
tentou pôr o tema em debate,
mas ficou isolado.
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