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NOVO ÊXODO
Líder ortodoxo vai para a Província e promete salvação aos que ficarem, mas sérvios continuam deixando a região
Patriarca pede presença sérvia em Kosovo
do enviado especial a Pristina
O patriarca
Pavle, chefe da
Igreja Ortodoxa
Sérvia, foi ontem a Kosovo e
pediu que os
sérvios que vivem na Província não deixem o seu território.
Apesar do apelo, organizações
internacionais estimam que até 50
mil sérvios já tenham deixado o
território kosovar.
"O homem não pode escolher o
momento, a raça, a nação e as circunstâncias em que nasce, mas pode escolher comportar-se como
homem. Peço que aguentem até o
final. As desgraças passarão", afirmou o patriarca, em pronunciamento em frente ao mosteiro de
Gracanica para cerca de mil pessoas. Ele disse que "aquele que
aguentar, será salvo".
Pavle disse que permanecerá em
Kosovo "por um longo tempo".
Ele decidiu ir para a Província depois que o único bispo da Igreja
Ortodoxa Sérvia em Kosovo, Artemije Radosavljevic, abandonou
sua catedral em Prizren (sudoeste), juntamente com sérvios kosovares que foram escoltados por
tropas alemãs da Otan.
Uma patrulha de soldados franceses da força de paz internacional
em Kosovo disse ter encontrado
um mosteiro do norte de Kosovo
depredado.
Segundo denúncias, guerrilheiros do ELK (Exército de Libertação
de Kosovo) teriam invadido o local, espancado um padre e violentado freiras.
Um porta-voz do Departamento
de Estado dos EUA afirmou acreditar que os sérvios que estão fugindo de Kosovo retornarão à Província quando ela estiver totalmente ocupada pelas tropas da
Otan e o ELK tiver sido desmilitarizado.
O governo iugoslavo também
pediu que os sérvios permaneçam
em Kosovo. O êxodo de sérvios
que deixam a Província é motivado pelo medo de vingança do ELK
e dos refugiados de origem albanesa que estão voltando.
Em Prizren, a Folha pôde constatar que o ELK se transformou na
polícia da cidade, sob o nariz das
tropas alemãs que controlam o setor. A Otan escolta comboios sérvios para evitar ataques.
O representante especial da ONU
para Kosovo, o brasileiro Sérgio
Vieira de Mello, deu anteontem
entrevista à TV iugoslava prometendo segurança aos sérvios. Mello
é a maior autoridade civil em Kosovo. Entre suas missões está a de
criar uma nova força policial civil
-a polícia sérvia na Província não
existe desde segunda.
Além de pronunciamentos, Mello não fez nada de concreto até
agora. Na terça, um dia depois de a
polícia sérvia deixar de existir, ainda procurava instalações para trabalhar em Kosovo. A Otan, que
tem exercido o poder de polícia, é
quem de fato manda na região,
apesar do carimbo da ONU no
acordo de paz.
O Exército Iugoslavo continua
cumprindo rigorosamente o cronograma de retirada do solo kosovar. Ao deixar Kosovo pelo norte
da Província, soldados continuam
a queimar casas de kosovares albaneses.
(KENNEDY ALENCAR)
Com agências internacionais
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