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Na Jordânia, grupo palestino de refugiados expressa a sua desolação às escondidas
KAREN MARÓN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
DE AMÃ (JORDÂNIA)
Dezenas de jornalistas chegaram à cidade, provenientes
de diversas partes do mundo. O
objetivo deles é atravessar por
terra a fronteira com a Síria e
percorrer a estrada repetidamente bombardeada que liga
Damasco a Beirute, o único caminho possível para chegar ao
ponto central do conflito.
A cidade e seus moradores
parecem calmos aos olhos dos
turistas destemidos. O conflito
parece distante, ainda que as
distâncias sejam curtas o suficiente para que se possa farejar
a morte, por mais que tentem
ocultá-la com a imposição do
silêncio. Ainda assim, o clima
tenso se assemelha ao dos dias
que precederam a invasão do
Iraque. As pessoas não podem
se manifestar, mas seus corações e mentes estão alertas.
"Aqui não se pode falar, mas
as pessoas estão muito, muito
indignadas", disse Farid, um
palestino que habita o reino da
Jordânia desde que tinha 15
anos de idade.
Não se manifestam, não falam em público, não expressam
suas idéias com liberdade, mas
as feridas da ocupação norte-americana do Iraque se aprofundaram com a retomada do
conflito no Líbano.
Em meio às mais estreitas
vielas da capital assentada sobre sete colinas, alguns escolheram opinar sobre a situação,
solicitando que seus nomes não
fossem revelados. "Estamos
desolados porque o mundo está
olhando para o outro lado. Não
existe equilíbrio e sempre ficamos em desvantagem", diz Hadad, outro palestino forçado a
viver em exílio na Jordânia.
Eles também citam a flagrante violação dos princípios clássicos do direito internacional e
do conjunto de resoluções das
Nações Unidas sobre a questão.
"A comunidade internacional
não entende que esses abusos
de poder, esses massacres, gerarão mais violência nas pessoas", aponta o irmão de Farid,
estudante de 22 anos que se
identifica como Husayn.
"Guerra total"
"É impossível atravessar a
fronteira para o Líbano, é tarde
demais", diz Alfredo, que acaba
de chegar de Israel.
O palestino passou três dias
sem dormir consolando uma
amiga libanesa que estava em
visita turística a Jerusalém. O
marido dela está cercado em
Beirute com os três filhos do
casal, à espera do fim das operações militares.
"Sim, apoiamos a guerra total", assume Farid depois de alguns segundos de silêncio.
"[Hassan] Nasrallah [líder do
Hizbollah] pediu guerra total
contra Israel, e talvez tenha
chegado a hora." Sua opinião
coincide com a do antigo porta-voz do exército israelense, Najman Shay, um general reformado, que disse: "Devemos compreender que estamos em guerra. Estamos diante da segunda
guerra do Líbano".
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