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Rotina de preso incluía novela brasileira
Dissidentes cubanos comemoram libertação nesta semana, mas lamentam ter perdido fim de "A Favorita"
Libertados contam que, três vezes por semana, podiam assistir ao programa e se esquecer das condições na prisão
Paul White - 15.jul.2010/Associated Press
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Ex-presos cubanos libertados e levados à Espanha aplaudem durante coletiva em Madri; eles relatam rotina na prisão
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
DE MADRI
Três vezes por semana, durante uma hora, os presos políticos de Cuba se esquecem
das condições precárias dos
presídios, da perseguição política e da distância das famílias. Nesses momentos, aglomeram-se em frente às televisões e, em silêncio, acompanham atentamente os capítulos das novelas brasileiras
transmitidas na ilha.
Foi o que contaram à Folha 7 dos 11 dissidentes cubanos que foram enviados à
Espanha nesta semana. Embora contentes de haver deixado a prisão, eles -e suas
mulheres- lamentaram ter
que deixar de acompanhar a
trama de "A Favorita", novela de 2008 que está sendo reproduzida em Cuba.
"Me deu uma pena de não
poder mais acompanhar. Estou curioso para saber o final", disse o dissidente Omar
Ruiz sobre a trama, que estreou em Cuba em janeiro e é
transmitida todas as terças,
quintas e sábados, às 21h15,
pela emissora Cubavisión.
Ruiz contou que, no presídio onde passou os últimos
sete anos, em Espírito Santo,
no centro de Cuba, os funcionários respeitavam a hora da
novela e deixavam que os
presos entrassem no refeitório, onde ficava a televisão e
no qual só se permitia acesso
nas refeições. "Éramos 132
presos, e nos aglomerávamos em frente a uma TV
muito pequena", conta Ruiz.
Os dissidentes Pablo Pacheco e Julio Cesar Rodriguez disseram que o mesmo
acontecia nos presídios em
que foram mantidos.
"Nós temos poucas opções lá, são quatro canais, e
só dois passam novelas, um
de cubanas e outro de brasileiras. Mas preferimos as brasileiras. É só ver o sucesso
dos paladares", diz Pacheco.
Paladares é como são chamados pequenos restaurantes que funcionam em residências da ilha e que herdaram o nome da empresa da
personagem de Regina Duarte na novela "Vale Tudo", de
1988. No voo, eles chegaram
a mencionar que perderiam
o último capítulo.
As Damas de Branco (grupo de mulheres familiares
dos dissidentes) que foram à
Espanha acompanhando os
maridos também se lamentaram por não poder mais
acompanhar a trama.
"Estava arrumando as malas e, de repente, me dei conta de que iria perder a novela", disse Bárbara Ruiz, mulher de Omar Ruiz.
(LUISA BELCHIOR)
Folha.com
Espanha irá receber mais
nove ex-detentos na terça
folha.com.br/mu768389
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