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Pressão interna e externa explica detenção de "paras" na Colômbia
Medida negociada com cúpula das AUC "blinda" governo contra exigência de extradição
CAROLINA VILA-NOVA
DA REDAÇÃO
A detenção anteontem dos
mais altos chefes das AUC (Autodefesas Unidas da Colômbia)
respondeu a fortes pressões internas e externas sobre o governo do presidente Álvaro Uribe e
foi, na verdade, uma medida
negociada com a cúpula do grupo paramilitar de direita.
Internamente, vinham causando furor as aparições de paramilitares em viagens de helicóptero, caravanas escoltadas a
bares e restaurantes, compras
em lojas exclusivas e festas de
casamento pomposas.
"Os chefes paramilitares estão em uma situação de liberdade condicional porque não
começaram ainda os processos
a que têm de responder e tampouco foram absolvidos pela
Justiça", disse o analista colombiano Alfredo Rangel.
"Estavam fazendo um uso
muito ostensivo e até ofensivo
dessa liberdade em algumas cidades do país, e isso provocou
muitas críticas ao processo de
paz e desprestigiou o governo."
Foram detidos ao menos 13
chefes paramilitares, entre eles
Ramón Isaza, um dos fundadores das AUC, Ernesto Báez, ex-líder político, e Salvatore Mancuso, ex-comandante militar.
Eles vão ficar reclusos em La
Ceja, município próximo a Medellín, até que se iniciem os julgamentos, a maioria por crimes
de lesa humanidade.
"[A reclusão] Foi como um
convite, mais do que uma medida de força, aos paramilitares
para resgatar a credibilidade do
processo", disse Rangel. Em
nota, as AUC disseram ter "acudido ao chamado do presidente
voluntariamente".
No front externo, a medida é
uma espécie de "blindagem"
contra críticas internacionais
de que o governo é leniente
com os paras e contra a pressão
dos EUA para que sejam extraditados. Mancuso, por exemplo, tem o processo de extradição pronto, bastando a aprovação de Uribe para que se concretize.
"Enquanto [os paramilitares] se mantenham no processo e não voltem a cometer crimes, as extradições não vão ser
aprovadas. Esse é o compromisso público feito pelo presidente", disse Rangel.
O timing também justifica a
decisão: em setembro, o governo americano decide se aprova
um pacote de US$ 20 milhões
para o processo de paz, segundo a revista "Semana".
Ontem, o presidente George
W. Bush autorizou o Departamento de Estado a seguir financiando o programa que permite
o abate de aviões suspeitos de
fazer narcotráfico, argumentando que a Colômbia adotou
medidas para prevenir a morte
de inocentes nessas operações.
Com agências internacionais
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