São Paulo, sábado, 18 de agosto de 2007

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análise

Antigo pilar do balanço de forças retorna

RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os vôos de bombardeiros estratégicos e sua interceptação pelos caças adversários eram um dos pontos mais visíveis -e fotografados- da Guerra Fria entre a URSS e os EUA, especialmente se comparados aos outros pilares do balanço de forças nuclear, os mísseis balísticos intercontinentais lançados de terra e os lançados por submarinos. Mais do que uma ameaça real ao poderio americano, o retorno dos vôos de patrulha dos bombardeiros russos tem um forte impacto simbólico.
Aviões "táticos" são aqueles empregados diretamente no campo de batalha, por exemplo bombardeando uma coluna de tanques inimigos ou uma bateria de artilharia. Já os "estratégicos" têm emprego diretamente ligado ao balanço de forças entre os países e suas estratégias nacionais. E na Guerra Fria isso queria dizer armas nucleares.
Tanto EUA como URSS se valiam da chamada "tríade" de armamentos estratégicos, cujo peso variou muito entre 1945 e 1990. No final da Guerra Fria, os bombardeiros eram -e ainda são- o pilar menos imponente.
O conflito político-militar entre os blocos comunista e capitalista começou com os EUA muito fortes em bombardeiros estratégicos (foram os pioneiros B-29 que lançaram as bombas de Hiroshima e Nagasaki em 1945). O mais famoso deles, o veterano B-52, está em uso há mais de meio século.
O pilar mais eficaz acabou sendo o míssil balístico lançado de submarino. Aviões são bem mais lentos que mísseis e podem ser abatidos com relativa facilidade; mísseis terrestres em geral eram alvos fixos em silos de concreto cavados no solo; já os submarinos no fundo do mar eram de detecção mais difícil e seus mísseis podem surgir de qualquer quadrante.
Os soviéticos também construíram os seus bombardeiros -agora "ressuscitados", como os Tupolevs Tu-95, Tu-22M e Tu-160-, mas o pilar mais forte da sua dissuasão nuclear eram mísseis pesados baseados em terra armados com bombas de altíssimo poder explosivo.
Os bombardeiros soviéticos eram identificados pela aliança militar ocidental Otan com nomes de código começando com a letra "B". Esses aviões podiam lançar bombas ou mísseis nucleares, além de fazer reconhecimento e ataque marítimos.
Uma dupla de Tu-95 Bear voou dias atrás em torno da base americana de Guam, no Pacífico, algo que não faziam desde a Guerra Fria. O quadrimotor Tu-95 tem no arsenal russo papel semelhante ao B-52 americano, com a diferença que é movido a hélice e não a jato. Os outros dois bombardeiros russos -Tu-22M Backfire e Tu-160 Blackjack- são bem diferentes do Bear, apesar de cumprirem funções semelhantes. São jatos supersônicos, na mesma categoria que outro bombardeiro estratégico, o americano B-1B Lancer.


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