São Paulo, sábado, 18 de setembro de 2010

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EUA detêm suspeitos de vender segredos

Casal de cientistas teria negociado informações nucleares com agente do FBI que se passou por venezuelano

Acusado, de 75 anos, diz que "aproximação" com Caracas ocorreu após sua teoria de energia atômica ser rejeitada


FLÁVIA MARREIRO

DE CARACAS

Autoridades dos EUA anunciaram ontem ter detido dois cientistas americanos acusados de passar supostos segredos do programa atômico americano a um agente do FBI que fingiu representar o governo da Venezuela.
Pedro Leonardo Mascheroni, argentino nacionalizado americano, 75, e sua mulher, Marjorie Roxby Mascheroni, 67, trabalharam no passado no laboratório federal Los Alamos, no Novo México, um dos principais centros de investigação atômica americano.
Segundo a polícia, as supostas negociações com o casal começaram em 2008, quando um agente fingindo ser venezuelano passou um questionário aos cientistas.
Ainda segundo a acusação, os cientistas pediam US$ 800 mil para fornecer informações para a construção de um reator subterrâneo para enriquecer plutônio e um reator de superfície para fazer uma bomba nos próximos dez anos. O casal recebeu US$ 20 mil pelas primeiras informações.
"A acusação não implica que o governo venezuelano ou que ninguém que atuasse em sua representação tenha buscado ou obtido informação classificada", diz a nota.
Segundo a agência de notícias Associated Press, o FBI fez uma operação de busca e apreensão na casa de Mascheroni em outubro de 2009.
À época, o cientista disse que a polícia estava equivocada e que ele só havia passado dados não confidenciais a seu "contato venezuelano".
Mascheroni disse ainda que teria supostamente se aproximado de Caracas porque o governo americano havia rejeitado sua teoria para produzir energia nuclear.
Ele teria perguntado ao agente disfarçado como obter cidadania venezuelana.
Se condenados, o casal pode ser sentenciado à prisão perpétua.
O governo Hugo Chávez não comentou o caso até o fechamento desta edição.

PROXIMIDADE COM O IRÃ
Aliado do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, Chávez sempre faz piada sobre as insinuações americanas sobre a suposta intenção de seu governo em ajudar o programa nuclear iraniano.
Nesta semana, o venezuelano inaugurou um conjunto de casas populares construído por uma empresa iraniana e disse: "É debaixo dessas casas que está a bomba".
Em 2008, batizou de "bicicleta atômica" as unidades produzidas por uma fábrica de tecnologia iraniana instalada em Cojedes, no centro do país.
Em julho, a União Europeia ordenou o congelamento de todos os fundos do Banco Internacional de Desenvolvimento de Venezuela, filial do Export Development Bank do Irã, por suposta vinculação com o programa nuclear iraniano.


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