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EUA detêm suspeitos de vender segredos
Casal de cientistas teria negociado informações nucleares com agente do FBI que se passou por venezuelano
Acusado, de 75 anos, diz
que "aproximação" com
Caracas ocorreu após
sua teoria de energia
atômica ser rejeitada
FLÁVIA MARREIRO
DE CARACAS
Autoridades dos EUA
anunciaram ontem ter detido
dois cientistas americanos
acusados de passar supostos
segredos do programa atômico americano a um agente do
FBI que fingiu representar o
governo da Venezuela.
Pedro Leonardo Mascheroni, argentino nacionalizado americano, 75, e sua mulher, Marjorie Roxby Mascheroni, 67, trabalharam no passado no laboratório federal
Los Alamos, no Novo México, um dos principais centros
de investigação atômica
americano.
Segundo a polícia, as supostas negociações com o casal começaram em 2008,
quando um agente fingindo
ser venezuelano passou um
questionário aos cientistas.
Ainda segundo a acusação, os cientistas pediam
US$ 800 mil para fornecer informações para a construção
de um reator subterrâneo para enriquecer plutônio e um
reator de superfície para fazer uma bomba nos próximos dez anos. O casal recebeu US$ 20 mil pelas primeiras informações.
"A acusação não implica
que o governo venezuelano
ou que ninguém que atuasse
em sua representação tenha
buscado ou obtido informação classificada", diz a nota.
Segundo a agência de notícias Associated Press, o FBI
fez uma operação de busca e
apreensão na casa de Mascheroni em outubro de 2009.
À época, o cientista disse
que a polícia estava equivocada e que ele só havia passado dados não confidenciais a
seu "contato venezuelano".
Mascheroni disse ainda
que teria supostamente se
aproximado de Caracas porque o governo americano havia rejeitado sua teoria para
produzir energia nuclear.
Ele teria perguntado ao
agente disfarçado como obter cidadania venezuelana.
Se condenados, o casal pode ser sentenciado à prisão
perpétua.
O governo Hugo Chávez
não comentou o caso até o fechamento desta edição.
PROXIMIDADE COM O IRÃ
Aliado do presidente do
Irã, Mahmoud Ahmadinejad,
Chávez sempre faz piada sobre as insinuações americanas sobre a suposta intenção
de seu governo em ajudar o
programa nuclear iraniano.
Nesta semana, o venezuelano inaugurou um conjunto
de casas populares construído por uma empresa iraniana e disse: "É debaixo dessas
casas que está a bomba".
Em 2008, batizou de "bicicleta atômica" as unidades
produzidas por uma fábrica
de tecnologia iraniana instalada em Cojedes, no centro
do país.
Em julho, a União Europeia ordenou o congelamento de todos os fundos do Banco Internacional de Desenvolvimento de Venezuela, filial do Export Development
Bank do Irã, por suposta vinculação com o programa nuclear iraniano.
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