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ANÁLISE
Ao bater boca em almoço, ou volta às suas origens
Popularidade jamais esteve tão baixa, e sua meta de conquistar um 2º mandato em 2012 parece implausível
Sarkozy quer retomar coalizão partidária para vencer nas eleições de 2012
BEN HALL E PEGGY HOLLINGER
DO "FINANCIAL TIMES"
Até mesmo sob seus próprios padrões, o desempenho do presidente francês Nicolas Sarkozy na conferência
de cúpula da União Europeia
na quinta-feira, em defesa da
expulsão de migrantes pelo
seu país, foi extraordinário.
Durante um almoço com
26 líderes europeus, ele bateu boca com José Manuel
Barroso, presidente da Comissão Europeia.
O que aconteceu na quinta-feira foi que Sarkozy estava defendendo seu país contra a interferência de Bruxelas. O desafio que apresentou
expôs ao mundo a súbita virada à direita das posturas do
presidente com relação ao
crime e à imigração.
Que Sarkozy esteja disposto a cortejar tamanha controvérsia internacional é algo
notável, por causa de suas
pretensões à liderança europeia, além da esperança de
tirar vantagem política interna quando a França assumir
a presidência do G20.
Mas sua situação é precária. A popularidade de Sarkozy jamais esteve tão baixa,
e sua meta de conquistar um
segundo mandato em 2012
parece implausível.
O governo está sob pressão devido a alegações de financiamento irregular a partidos políticos e de troca de
favores entre um ministro e
Liliane Bettencourt.
Sarkozy deu sua virada política à direita com um discurso espantoso em julho na
cidade de Grenoble. O presidente declarou que a França
estava "vendo as consequências de 50 anos de imigração
insuficientemente controlada, que resultaram em fracasso de integração".
A estratégia política que
embasa a mensagem de Sarkozy é clara: para vencer em
2012, ele precisa recriar a coalizão eleitoral entre centro e
extrema direita que o levou
ao poder em 2007 e terminou
fragmentada devido a reformas impopulares.
O desempenho da Frente
Nacional, partido de extrema
direita, nas eleições regionais preocupou o governo.
A campanha, ou ao menos
a controvérsia que ela deflagrou no exterior, certamente
parece ter cimentado o apoio
parlamentar ao presidente.
Existem poucos indícios
de que a virada política de
Sarkozy tenha conquistado
mais eleitores. "Houve uma
espécie de estabilização", diz
Jérôme Fourquet, do instituto de pesquisa Ifop.
A repressão que Sarkozy
decretou contra os imigrantes também acarreta o risco
de reforçar a principal causa
de sua impopularidade: a desaprovação, ou até repulsa,
diante da maneira pela qual
exerce o poder.
O apelo à sua base conservadora é previsível, diz o professor Zaki Laïdi, da Sciences
Po, mas representa um potencial ponto fraco. "Ele está
fazendo aquilo que seus oponentes esperam e, para a esquerda, isso é muito bom".
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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