São Paulo, domingo, 18 de setembro de 2011 |
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Ato-relâmpago é tática da oposição síria Na capital, Damasco, jovens fazem protestos rápidos e localizados, marcados pela internet, para fugir da repressão Regras incluem nunca andar em grupos com mais de 3 pessoas e comunicar local apenas uma hora antes do ato
onde se lê "[cidade de] Hama sangra" MARCELO NINIO ENVIADO ESPECIAL A DAMASCO Avenida 29 de Maio, 18h30. O movimento na região central de Damasco parece o de sempre, a não ser pelo repentino fluxo de jovens vindos de ambas as direções. A ausência de forças de segurança torna o momento e o local adequados para mais um "protesto-relâmpago". A comunicação baseia-se em olhares e gestos cuidadosos. Dois ativistas comandam a operação em uma tentativa de surpreender o regime, numa área considerada porto seguro do governo. Mas a cinco minutos do horário pretendido, um gesto brusco do recém-formado em engenharia da computação Ahmad, 22 (nome fictício, assim como todos nesse texto), indica que não há contingente para levar o plano à frente. E da mesma maneira que apareceram, os cerca de 40 jovens se dispersam para a próxima tentativa. A forte repressão do governo obrigou os ativistas damascenos a reinventar suas estratégias. "Se não estamos conseguindo protestar nas sextas-feiras por causa da segurança, se não podemos organizar manifestações pela internet porque estão nos vigiando, decidimos tentar algo no estilo das 'flash mob', em dias e horários que eles não esperam", conta. Um jornalista local que colaborou com a Folha nesta reportagem e pediu para não ser identificado enumera as precauções, passadas na base do boca a boca: nunca andar em grupos com mais de três pessoas, só comunicar o local pessoalmente e uma hora antes, não protestar em menos de 50 pessoas e não permanecer no local por mais de cinco minutos. "Quando não seguimos esses passos, fomos massacrados pelos shabihas [força de segurança paralela]", explica o ativista Dishad, 21. "Mas agora está funcionando bem", comemora. As regras são criadas na base de tentativa e erro. Duas semanas antes, um grupo com 30 integrantes protestou com faixas e cartazes na turística avenida Al Qeimarie, no coração de Damasco, ao lado da mesquita Umayyad e do mercado Hamidye, o maior da cidade. Em menos de três minutos, agentes de segurança irromperam no local agredindo os manifestantes com cadeiras, cassetetes, pedaços de madeira e outros objetos improvisados de armas. "Eles já sabiam do protesto, as informações vazaram no Facebook. Quase todos foram presos, apanharam muito, inclusive as meninas que estavam junto", conta Dishad, um dos poucos que conseguiram escapar ilesos da manifestação.
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