São Paulo, quarta-feira, 18 de outubro de 2006

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Empresa culpa TSE equatoriano pelos erros e diz que não abandonou apuração

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA,

EM BELO HORIZONTE Gilberto Freitas, diretor de Administração e Finanças da Probank -que, com a Via Telecom, forma o consórcio E-Vote, contratado para totalizar o resultado das eleições no Equador-, disse que os problemas no atraso da apuração são de responsabilidade do TSE equatoriano, que teria fornecido um modelo de ata não compatível com o sistema implantado. Outro problema, afirmou o diretor, foi que os links da Andinatel, companhia telefônica local, não funcionaram. "O TSE não cumpriu nenhuma das obrigações que cabia a ele cumprir", afirmou Freitas. Ele falou com a Folha no final da tarde de ontem, quando disse que a totalização dos votos para presidente já estava concluída. Afirmou que o trabalho segue na totalização dos votos para deputados, sem, no entanto, determinar um prazo para terminar. Segundo o diretor, o processo se daria da seguinte maneira: o TSE faria a apuração manual dos votos e preencheria uma ata a ser entregue ao consórcio. O E-Vote digitalizaria os dados e os transmitiria para os servidores do consórcio, para que o sistema fizesse a totalização dos votos. Nos testes, disse ele, foi tudo bem. O problema aconteceu, conforme disse, porque o TSE entregou as atas com os resultados das urnas em um modelo diferente ao entregue anteriormente ao consórcio, modelo este implantado no sistema. Por serem atas diferentes, o sistema não reconheceu os dados e entrou em "colapso", afirmou ele. "O modelo de ata que o TSE nos entregou e nós colocamos no nosso sistema para a captura de dados foi um. O modelo distribuído para as pontas de votação foi completamente diferente, inclusive com modificações nas tabelas dos partidos. Ao tentar capturar os dados, causou um colapso total. Joga um layout dentro do sistema e recebe uma informação escaneada com outro layout, o sistema não tem jeito de ler."
Rescisão
O resultado foi que, no processo de transmissão, muitas atas foram perdidas e não transmitidas dentro dos prazos previstos. "Isso nos obrigou a digitar outra vez todas as atas, porque o sistema entrou em colapso. Tivemos que digitar novamente 36 mil atas. Contratamos emergencialmente uma equipe de digitadores para fazer um trabalho manual que deveria ser feito por um sistema muito bem desenvolvido e muito bem montado por nós." "Além disso, os links todos de transmissão, que foram contratados com a Adinatel pelo próprio TSE, simplesmente não funcionaram. As chamadas se cortavam a todo instante." O diretor disse "não ser correta" a informação difundida no Equador de que o consórcio teria abandonado o trabalho. Disse que seguem no país 31 pessoas, inclusive diretores. Freitas disse não saber se o consórcio trabalhará no segundo turno da disputa presidencial no país, mas afirmou: "Eles não têm nenhuma razão para rescindir o contrato, porque quem não cumpriu as obrigações contratuais foram eles, não o consórcio. Vamos discutir as causas dos problemas que não dependiam de nós". Ele confirmou o valor do contrato de US$ 5,2 milhões. Segundo o governo equatoriano, citado pela imprensa local, metade da soma já foi paga. O porta-voz do TSE, Jorge Valdospinos, disse que "as atas eleitorais têm sido sempre as mesmas desde 2000".


Colaborou FABIANO MAISONNAVE

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