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CORÉIA DO NORTE
Funcionário não identificado do governo norte-coreano faz a afirmação na rádio estatal, segundo rede britânica
Pyongyang admite ter arma nuclear, diz BBC
DA REDAÇÃO
A Coréia do Norte admitiu ontem, pela primeira vez, que tem
armas nucleares, de acordo com a
rede britânica BBC, que citou
uma rádio estatal norte-coreana.
Segundo a reportagem, um funcionário do governo norte-coreano afirmou que o país tinha desenvolvido "medidas militares de
defesa poderosas, incluindo armas nucleares", para lidar com o
que chamou de "crescentes ameaças nucleares" feitas pela administração americana.
No mês passado, Washington
disse que a Coréia do Norte tinha
reconhecido que possuía um programa de produção de urânio
enriquecido, um componente-chave de armas nucleares.
Porém, caso a informação divulgada pela BBC se confirme,
trata-se da primeira vez em que o
Estado comunista reconhece publicamente ter armas de destruição em massa.
Em outubro, o Ministério das
Relações Exteriores norte-coreano afirmou que o país "tinha o direito" de ter armas nucleares.
O presidente dos EUA, George
W. Bush, pediu várias vezes a
Pyongyang que pusesse fim a seu
programa nuclear, afirmando
que, sem isso, a Coréia do Norte
não teria um futuro viável, já que
não conseguiria inserir-se na comunidade internacional.
De acordo com a BBC, a mídia
norte-coreana costuma apresentar uma retórica muito hostil em
relação aos EUA. Assim, o comentário feito por um funcionário do governo não identificado
talvez não possa ser levado tão a
sério, pois pode não corresponder
à verdade.
Segundo esse funcionário, há
anos a Coréia do Norte mantém o
Ocidente em dúvida em relação à
sua capacidade nuclear.
O programa de rádio de ontem,
de acordo com a reportagem, foi
marcado por acusações de que
Washington vem "injuriando e
caluniando" a Coréia do Norte.
As "manobras descuidadas" dos
EUA estariam "ameaçando o direito à existência e a soberania"
do país.
"Ante as circunstâncias, não podemos ficar sentados de braços
cruzados", disse o funcionário
não identificado do governo norte-coreano na rádio estatal.
Ainda segundo a BBC, ele também repetiu a exigência de
Pyongyang de que Washington
concorde em assinar um tratado
de não-agressão, insistindo em
que, sem isso, a disputa em torno
do programa nuclear norte-coreano não poderá ser resolvida.
O momento em que a informação foi divulgada combina com o
padrão das "confissões" norte-coreanas, para Michael Yahuda,
professor de relações internacionais na London School of Economics and Political Affairs.
Ele disse à BBC que, com essa
"confissão", os norte-coreanos
estariam tentando abrir caminho
para a realização de negociações
com os EUA.
"Os EUA vêm ameaçando esfriar ainda mais suas relações com
a Coréia do Norte. Respondendo
dessa forma, Pyongyang quer dizer que também tem armas nucleares e que os dois países têm de
encontrar um modo de começar
as negociações", afirmou Yahuda.
O secretário da Defesa dos EUA,
Donald Rumsfeld, disse, no mês
passado, que a Coréia do Norte
pode ter uma ou duas ogivas nucleares.
Na semana passada, os EUA, a
Coréia do Sul, a União Européia e
o Japão concordaram em suspender a ajuda -em óleo combustível- que dão à Coréia do Norte
até que Pyongyang ponha fim a
seu programa nuclear.
Com o acordo de 1994, a Coréia
do Norte concordou em congelar
seu programa nuclear em troca de
500 mil toneladas de óleo combustível por ano. Porém Washington considera que Pyongyang tornou o acordo de 1994 inválido ao ter admitido a James
Kelly, secretário-assistente de Estado dos EUA, que estava tentando construir uma arma nuclear.
Com agências internacionais
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