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Lição do Vietnã é não desistir, afirma Bush
Em Hanói, Bush reitera que ainda não aceita possibilidade de deixar Iraque
Pesquisa mostra que só 31% aprovam ofensiva militar; substituição de soldados indica intenção de não diminuir as tropas no país
DA REDAÇÃO
Em seu primeiro dia no país
onde os EUA sofreram sua
grande derrota militar, e após
meses tentando evitar comparações entre a Guerra do Vietnã
e a ofensiva no Iraque, o presidente George W. Bush afirmou
ontem que a grande lição do
conflito dos anos 1960 e 70 é:
"Vamos vencer, a menos que a
gente desista".
"Tendemos a querer que haja
um sucesso instantâneo no
mundo, e a tarefa no Iraque vai
levar um tempo", afirmou em
Hanói, onde participará da cúpula da Apec (Cooperação Econômica Ásia-Pacífico). "Vai levar um longo tempo para que a
ideologia de esperança, que é
uma ideologia de liberdade, supere a ideologia de ódio."
A violência descontrolada no
Iraque e a incapacidade das forças americanas e iraquianas de
reverterem a situação geram
crescentes comparações entre
os dois conflitos, e a visita de
Bush acontece no momento em
que os americanos debatem alternativas para a condução da
guerra no Iraque.
No Congresso, a oposição democrata pressiona por um cronograma para a retirada, mas
neoconservadores e falcões, como o senador republicano
John McCain, veterano do
Vietnã, defendem que não há
saída honrosa e preconizam o
aumento das tropas.
Pesquisa da Associated
Press/Ipsos feita após as eleições legislativas do dia 7 mostra
que apenas 31% dos americanos aprovam a ação no Iraque,
o nível mais baixo desde a invasão do país, em março de 2003.
O partido de Bush perdeu o
controle do Congresso para os
democratas numa eleição encarada por muitos como um referendo sobre a ofensiva militar lançada pelo republicano.
Ontem, o Departamento de
Defesa americano anunciou
que 57 mil soldados serão enviados ao país em 2007. Embora o número de militares não vá
aumentar -apenas será feita
uma substituição-, o anúncio
indica a intenção de no mínimo
manter a quantidade de soldados no Iraque, hoje em 141 mil.
Lição vietnamita
A "lição" mencionada por
Bush ecoa a tese, de expoentes
conservadores, de que os comunistas só chegaram ao poder
em todo o Vietnã porque os
americanos cortaram a ajuda
militar e abandonaram os então aliados do Vietnã do Sul.
O presidente afirmou que, no
Iraque, a derrota não é uma opção admissível. "O governo iraquiano vai conseguir [ter sucesso], a menos que a coalizão deixe o país antes de eles terem a
chance de conseguir", disse.
Sob anonimato, autoridades
da Casa Branca admitem que a
visita ao Vietnã, agendada há
meses, ocorre num péssimo
momento, levando a comparações inevitáveis. Na semana
passada, por exemplo, Bush se
viu forçado a substituir seu secretário da Defesa, Donald
Rumsfeld. O democrata
Lyndon Johnson, em 1968,
também teve de trocar seu secretário; e procurou estadistas
para aconselhar-se.
Ho Chi Minh
A Casa Branca tenta afastar o
Iraque do foco das atenções.
Questionado sobre "as lições da
Guerra do Vietnã", o secretário
de imprensa de Bush, Tony
Snow, disse que "os vietnamitas não estão interessados nisso". "Isso [a visita] não será um
olhar para o passado. Será um
olhar para frente."
Ontem Bush teve uma seqüência de encontros com líderes vietnamitas: com o presidente Nguyen Minh Triet, o
premiê Nguyen Tan Dung e o
líder do Partido Comunista,
Nong Manh. Em cada um, sentou com o anfitrião sob um
grande busto de bronze de Ho
Chi Minh (1890-1969), que comandou ofensiva contra os
americanos. Bush disse que sua
"primeira reação foi [ver] que a
história tem uma longa marcha, sociedades mudam e relações podem constantemente
ser alteradas para melhor".
Com agências internacionais
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