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Senado dos EUA ratifica acordo nuclear com a Índia
Críticos vêem risco de corrida nuclear na Ásia; Nova Déli tem a bomba atômica
Decisão por 85 a 12 veio ao
fim da atual legislatura; o
texto tem longo caminho
até que EUA possam vender
combustível e equipamento
DA ASSOCIATED PRESS
O Senado americano aprovou anteontem por ampla
maioria o projeto da Casa Branca de fornecer à Índia combustível e tecnologia nucleares,
dando ao presidente George W.
Bush uma importante vitória
numa de suas principais iniciativas externas. O governo da Índia acolheu favoravelmente a
votação e exprimiu reservas.
Os senadores republicanos e
democratas, por 85 a 12, puseram fim a décadas de política de
antiproliferação, em troca da
cooperação com um aliado
asiático que Washington acredita conduzir um programa nuclear "responsável". A Índia já
explodiu a bomba atômica, estimulando o Paquistão, seu vizinho e rival, a fazer o mesmo.
Em Nova Déli, o primeiro-ministro Manmohan Singh exprimiu satisfação, mas disse
que falta um longo caminho para que seja cumprido o acordo
firmado em julho entre ele e o
presidente Bush.
Sonia Gandhi, presidente do
Partido do Congresso, situacionista, afirmou que "nada será
aceito, exceto o cumprimento
integral" do acordo de julho.
O Senado votou um texto diferente daquele aprovado pelos
deputados americanos. As duas
Casas precisam agora chegar a
um projeto comum e enviá-lo à
sanção presidencial.
Antes de entrar em vigor, o
acordo deve ser submetido ao
Grupo de Fornecedores Nucleares, países que exportam
esse tipo de material. O governo indiano também deve obter
a aprovação da AIEA (agência
nuclear da ONU). Só depois
disso o Congresso americano
voltará a se manifestar.
Críticos do acordo argumentam que ele tende a provocar a
ruína do regime de não-proliferação e estimular o crescimento do arsenal atômico indiano.
A importação de urânio enriquecido americano levaria a Índia a concentrar seu enriquecimento no programa militar. A
China e o Paquistão tendem, a
partir de então, a produzir novas ogivas, o que estimularia a
corrida armamentista na Ásia.
Analistas afirmaram em julho que, ao firmar o acordo,
Bush sinalizou uma dupla
orientação, ao se contrapor aos
planos nucleares do Irã e da
Coréia do Norte enquanto estimulava os planos da Índia.
A Casa Branca considera a
Índia um grande mercado
emergente, com o qual procura
acelerar o comércio.
Em Cingapura, onde se encontrava, Bush publicou comunicado em que elogiou a decisão dos senadores americanos
e argumentou que o acordo
"traria a Índia de volta à corrente internacional de não-proliferação" e aumentaria a
transparência de todo o seu
programa nuclear civil.
O senador democrata Byron
Dorgan qualificou o acordo de
"um engano horrível". A seu
ver, o Congresso americano lamentará no futuro a decisão
agora tomada.
Os senadores rejeitaram
emendas sobre a não-proliferação que Nova Déli não aprovaria. Também caiu a proposta de
condicionar o acordo à interrupção, pela Índia, de sua cooperação militar com o Irã.
O texto de julho submete a
inspeções internacionais os 14
reatores que a Índia possui para a produção de eletricidade.
Mas os inspetores continuarão
a não ter acesso a quatro outros
reatores do programa militar.
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