São Paulo, quarta-feira, 18 de novembro de 2009

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UE rejeita ação unilateral de palestinos

A exemplo dos EUA, bloco nega apoio à ideia da ANP de declarar independência e obter respaldo do Conselho de Segurança da ONU

Israel autoriza nova rodada de construção de casas em Jerusalém Oriental, apesar de pedido americano para que planos fossem adiados


MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM

O plano palestino de fazer uma declaração unilateral de independência levou mais um banho de água fria ontem, quando a União Europeia seguiu os passos dos Estados Unidos e se negou a respaldar a ideia.
Apesar da rejeição de UE e EUA, o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, insistiu na decisão de propor ao Conselho de Segurança da ONU o reconhecimento da independência palestina e ameaçou renunciar caso não seja atendido.
Abbas, que amanhã desembarca no Brasil para uma visita oficial num momento crítico, diz que não teve escolha, diante do impasse nas negociações de paz com Israel. Na conversa que terá com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na sexta em Salvador, Abbas espera obter o apoio do Brasil ao plano.
"Estamos num situação muito difícil. Qual a solução para nós? Ficar em suspense, sem paz? Foi por isso que dei esse passo", disse Abbas no Cairo, onde se reuniu com o presidente egípcio, Hosni Mubarak.
Assim como fizeram líderes de vários países nos últimos dias, Mubarak exortou o presidente palestino a manter-se no cargo. Frustrado com a falta de avanços no processo de paz, Abbas disse há duas semanas que não pretende concorrer à reeleição, abrindo mais uma frente de incerteza no horizonte palestino.
Ao mesmo tempo, a ANP começou a promover a ideia de obter a aprovação do Conselho de Segurança da ONU à independência palestina.
A rejeição de americanos e europeus, principais mediadores do processo de paz e maiores financiadores da ANP, foi quase imediata. Para Carl Bildt, ministro das Relações Exteriores da Suécia, país que ocupa a Presidência rotativa da UE, a ideia é "prematura".
O bloco europeu pretende reconhecer o Estado palestino, "mas antes é preciso que haja um", explicou Bildt. "O plano palestino é claramente um ato nascido da difícil situação, em que eles não veem nada adiante", comentou.

Construções
O mais importante no momento, disse o chanceler sueco, é ajudar os EUA a reunir israelenses e palestinos novamente na mesa de negociações. Mas tal perspectiva parece cada vez mais distante.
Contrariando um pedido do governo americano, o Ministério do Interior israelense deu luz verde ontem para a construção de mais 900 casas num bairro de Jerusalém Oriental. A área, vista por Israel como parte integral de sua capital, é considerada pela ONU território palestino ocupado.
"Estamos consternados", reagiu Robert Gibbs, porta-voz da Casa Branca. "Num momento em que tentamos retomar as negociações, tais decisões só complicam nossos esforços."
A ANP considera o congelamento da construção dos assentamentos precondição para a retomada do diálogo de paz.


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