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UE rejeita ação unilateral de palestinos
A exemplo dos EUA, bloco nega apoio à ideia da ANP de declarar independência e obter respaldo do Conselho de Segurança da ONU
Israel autoriza nova rodada de construção de casas em Jerusalém Oriental, apesar de pedido americano para que planos fossem adiados
MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM
O plano palestino de fazer
uma declaração unilateral de
independência levou mais um
banho de água fria ontem,
quando a União Europeia seguiu os passos dos Estados Unidos e se negou a respaldar a
ideia.
Apesar da rejeição de UE e
EUA, o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP),
Mahmoud Abbas, insistiu na
decisão de propor ao Conselho
de Segurança da ONU o reconhecimento da independência
palestina e ameaçou renunciar
caso não seja atendido.
Abbas, que amanhã desembarca no Brasil para uma visita
oficial num momento crítico,
diz que não teve escolha, diante
do impasse nas negociações de
paz com Israel. Na conversa
que terá com o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, na sexta
em Salvador, Abbas espera obter o apoio do Brasil ao plano.
"Estamos num situação muito difícil. Qual a solução para
nós? Ficar em suspense, sem
paz? Foi por isso que dei esse
passo", disse Abbas no Cairo,
onde se reuniu com o presidente egípcio, Hosni Mubarak.
Assim como fizeram líderes
de vários países nos últimos
dias, Mubarak exortou o presidente palestino a manter-se no
cargo. Frustrado com a falta de
avanços no processo de paz,
Abbas disse há duas semanas
que não pretende concorrer à
reeleição, abrindo mais uma
frente de incerteza no horizonte palestino.
Ao mesmo tempo, a ANP começou a promover a ideia de
obter a aprovação do Conselho
de Segurança da ONU à independência palestina.
A rejeição de americanos e
europeus, principais mediadores do processo de paz e maiores financiadores da ANP, foi
quase imediata. Para Carl Bildt,
ministro das Relações Exteriores da Suécia, país que ocupa a
Presidência rotativa da UE, a
ideia é "prematura".
O bloco europeu pretende reconhecer o Estado palestino,
"mas antes é preciso que haja
um", explicou Bildt. "O plano
palestino é claramente um ato
nascido da difícil situação, em
que eles não veem nada adiante", comentou.
Construções
O mais importante no momento, disse o chanceler sueco,
é ajudar os EUA a reunir israelenses e palestinos novamente
na mesa de negociações. Mas
tal perspectiva parece cada vez
mais distante.
Contrariando um pedido do
governo americano, o Ministério do Interior israelense deu
luz verde ontem para a construção de mais 900 casas num
bairro de Jerusalém Oriental. A
área, vista por Israel como parte integral de sua capital, é considerada pela ONU território
palestino ocupado.
"Estamos consternados",
reagiu Robert Gibbs, porta-voz
da Casa Branca. "Num momento em que tentamos retomar as
negociações, tais decisões só
complicam nossos esforços."
A ANP considera o congelamento da construção dos assentamentos precondição para
a retomada do diálogo de paz.
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