São Paulo, quarta-feira, 18 de dezembro de 2002

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ARMAS

Presidente ordena que militares comecem a implementar logo o sistema de defesa, que consumiu US$ 15 bi em dois anos

Bush quer o escudo antimísseis em 2004

Adam Butler/Associated Press
Sob um arco-íris, tanque norte-americano Abrams participa de exercício militar em deserto no oeste do Kuait, próximo do Iraque


DA REDAÇÃO

O presidente dos EUA, George W. Bush, ordenou ontem aos militares americanos que comecem a implementar o sistema nacional de defesa antimísseis rapidamente, esperando que ele se torne operacional até 2004.
Essa decisão foi tomada apesar de o mais recente teste de interceptação de mísseis, realizado na semana passada, no oceano Pacífico, ter fracassado.
Quando era candidato à Presidência, Bush prometeu construir o escudo antimísseis. No final de 2001, apesar das objeções de boa parte da comunidade internacional, incluindo vários aliados europeus dos EUA, Washington informou que deixaria o Tratado Antimísseis Balísticos, firmado com a URSS em 1972, em seis meses, abrindo caminho para a implementação de seus planos.
Ontem o presidente disse que os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 provaram que os EUA estão diante de "ameaças sem precedente", precisando, portanto, construir o escudo antimísseis para defender-se. Nos últimos dois anos, o projeto consumiu cerca de US$ 15 bilhões.
"Quando assumi o poder, prometi adaptar a capacidade de defesa e a estratégia de segurança dos EUA às ameaças do século 21. Hoje [ontem" tenho o prazer de anunciar que daremos mais um passo importante no sentido de enfrentar essas ameaças, abrindo caminho para o início da implementação do sistema de defesa antimísseis. Ele será usado para proteger os EUA, nossos amigos e nossos aliados", declarou Bush.
Segundo o plano anunciado ontem, até 2004, dez interceptadores de mísseis deverão ser instalados no Alasca. Outros dez deverão tornar-se operacionais até 2005 ou 2006, de acordo com funcionários do Departamento da Defesa.
Herdeiro mais modesto do ambicioso projeto apelidado de "Guerra nas Estrelas", do ex-presidente Ronald Reagan, o atual escudo antimísseis tem como base estudos realizados durante a administração do predecessor de Bush, Bill Clinton. Ele prevê a instalação de uma centena de interceptadores no Alasca para destruir ogivas inimigas antes que elas atinjam o território dos EUA.
Bush também pretende fazer uso de tecnologias mais avançadas, instalando bases de lançamento de mísseis defensivos no mar e no espaço. Tudo isso para interceptar os mísseis inimigos antes que eles atinjam seus alvos.
Bush classificou a primeira etapa do projeto de "modesta", mas afirmou que ela servirá de ponto de partida para um sistema mais avançado e abrangente, que só será implementado quando os testes de interceptação de mísseis obtiverem mais sucesso.
O governo dos EUA entrou em contato com autoridades britânicas e dinamarquesas porque precisa da colaboração do Reino Unido e da Dinamarca em seu projeto. Washington pretende usar uma estação de radar britânica, segundo Londres, que ainda não decidiu se permitirá que isso ocorra. Os EUA também querem usar uma base militar na Groenlândia, que é da Dinamarca.

Com agências internacionais


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