São Paulo, segunda-feira, 18 de dezembro de 2006

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Gasoduto tenta driblar monopólio russo

Nova tubulação que levará gás do Azerbaijão para a Geórgia e a Turquia é peça-chave na política dos EUA para a região

Objetivo é ampliar rota de fornecimento até Europa, que hoje recebe direto da Rússia a maior parte do gás que consome


ISABEL GORST
DO "FINANCIAL TIMES", EM MOSCOU

Um consórcio liderado pela British Petroleum (BP) começou na semana passada a produção de gás natural no campo de Shah Deniz, no mar Cáspio, para alimentar um novo gasoduto que percorre o sul do Cáucaso, levando gás natural ao Azerbaijão, à Geórgia e à Turquia, e futuramente, espera-se, à Europa.
O corredor é uma peça-chave na política dos EUA no mar Cáspio, que visa acabar com o domínio da Rússia sobre os gasodutos de exportação e desencorajar o investimento em gasodutos que atravessem o Irã.
O gasoduto de 690 quilômetros de extensão, entre Baku e Erzerum, no leste da Turquia, segue um percurso paralelo ao recém-concluído oleoduto Baku-Tbilisi-Ceyhan, que vai do Azerbaijão ao Mediterrâneo turco, formando um novo corredor de escoamento de suprimentos energéticos do mar Cáspio e da Ásia Central para o Ocidente.
Julia Nanay, diretora sênior da PFC Energy, afirmou: "O início de operações do gasoduto constitui um marco nos planos apoiados pelos EUA para diversificar as rotas de exportação vindas do mar Cáspio".
A abertura do gasoduto acontece num momento crucial para o Azerbaijão e a Geórgia, que se preparam para encarar aumentos nos preços do gás, além de reduções no fornecimento da Gazprom, a estatal russa do gás, que, até agora, detinha o monopólio do fornecimento de gás à região do Cáucaso.
O volume de gás fornecido através do novo gasoduto vai subir para 8,6 bilhões de metros cúbicos por ano, à medida que novos poços entrarem em produção em Shah Deniz.
A BP e suas parceiras investiram US$4 bilhões no projeto de Shah Deniz e estão procurando clientes na Europa para justificar a ampliação do campo e o prolongamento do gasoduto para além da Turquia, em direção ocidental.
A União Européia está muito interessada em importar gás do mar Cáspio, devido à preocupação com a segurança do suprimento de gás da Rússia, fonte da maior parte do gás importado pela Europa.
Mas a Gazprom, estatal russa do gás, tomou medidas para impedir a concorrência do mar Cáspio, anunciando o aumento das entregas de gás à Turquia, seu mercado de exportação que cresce mais rapidamente, de onde ele seria transportado para a Europa.
Os EUA e a UE também vêm incentivando o Cazaquistão a construir um gasoduto atravessando o mar Cáspio, para levar o gás asiático à Europa, passando pelo Cáucaso. Hoje, a Gazprom controla os gasodutos de exportação que saem da Ásia Central e, apesar de pressões ocidentais, não divide com empresas de fora o acesso aos mercados europeus.


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