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Gasoduto tenta driblar monopólio russo
Nova tubulação que levará gás do Azerbaijão para a Geórgia e a Turquia é peça-chave na política dos EUA para a região
Objetivo é ampliar rota de fornecimento até Europa, que hoje recebe direto da Rússia a maior parte do gás que consome
ISABEL GORST
DO "FINANCIAL TIMES", EM MOSCOU
Um consórcio liderado pela
British Petroleum (BP) começou na semana passada a produção de gás natural no campo
de Shah Deniz, no mar Cáspio,
para alimentar um novo gasoduto que percorre o sul do Cáucaso, levando gás natural ao
Azerbaijão, à Geórgia e à Turquia, e futuramente, espera-se,
à Europa.
O corredor é uma peça-chave
na política dos EUA no mar
Cáspio, que visa acabar com o
domínio da Rússia sobre os gasodutos de exportação e desencorajar o investimento em gasodutos que atravessem o Irã.
O gasoduto de 690 quilômetros de extensão, entre Baku e
Erzerum, no leste da Turquia,
segue um percurso paralelo ao
recém-concluído oleoduto Baku-Tbilisi-Ceyhan, que vai do
Azerbaijão ao Mediterrâneo
turco, formando um novo corredor de escoamento de suprimentos energéticos do mar
Cáspio e da Ásia Central para o
Ocidente.
Julia Nanay, diretora sênior
da PFC Energy, afirmou: "O
início de operações do gasoduto constitui um marco nos planos apoiados pelos EUA para
diversificar as rotas de exportação vindas do mar Cáspio".
A abertura do gasoduto acontece num momento crucial para o Azerbaijão e a Geórgia, que
se preparam para encarar aumentos nos preços do gás, além
de reduções no fornecimento
da Gazprom, a estatal russa do
gás, que, até agora, detinha o
monopólio do fornecimento de
gás à região do Cáucaso.
O volume de gás fornecido
através do novo gasoduto vai
subir para 8,6 bilhões de metros cúbicos por ano, à medida
que novos poços entrarem em
produção em Shah Deniz.
A BP e suas parceiras investiram US$4 bilhões no projeto de
Shah Deniz e estão procurando
clientes na Europa para justificar a ampliação do campo e o
prolongamento do gasoduto
para além da Turquia, em direção ocidental.
A União Européia está muito
interessada em importar gás
do mar Cáspio, devido à preocupação com a segurança do
suprimento de gás da Rússia,
fonte da maior parte do gás importado pela Europa.
Mas a Gazprom, estatal russa do gás, tomou medidas para
impedir a concorrência do mar
Cáspio, anunciando o aumento
das entregas de gás à Turquia,
seu mercado de exportação
que cresce mais rapidamente,
de onde ele seria transportado
para a Europa.
Os EUA e a UE também vêm
incentivando o Cazaquistão a
construir um gasoduto atravessando o mar Cáspio, para levar o gás asiático à Europa, passando pelo Cáucaso. Hoje, a
Gazprom controla os gasodutos de exportação que saem da
Ásia Central e, apesar de pressões ocidentais, não divide com
empresas de fora o acesso aos
mercados europeus.
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