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Opositor retira veto a indicado de Obama
Após receber garantias do Departamento de Estado, senador republicano desbloqueia nomeação de embaixador dos EUA no Brasil
Se nenhum outro membro da Casa impuser restrições, Thomas Shannon deve ser confirmado no cargo cinco meses após sua indicação
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
O senador republicano que
bloqueava a confirmação do
novo embaixador dos EUA para
o Brasil decidiu suspender seu
veto ontem, depois de ouvir do
Departamento de Estado americano que o governo continuaria a apoiar as iniciativas pró-democracia em Cuba.
George LeMieux, senador
pela Flórida e representante da
fatia ultraconservadora da comunidade cubano-americana
do Estado, havia bloqueado a
confirmação de Thomas Shannon depois de ele ter sido aprovado pela Comissão de Relações Exteriores do Senado.
Se nenhum outro senador
apresentar objeções, o nome do
diplomata indicado pelo presidente Barack Obama vai para
votação nos próximos dias no
Senado, onde estima-se que seja aprovado.
Indagado sobre a possibilidade de novos vetos de colegas
seus, LeMieux respondeu:
"Creio que Shannon será o próximo embaixador no Brasil".
Manifestações de apoio ao fim
do veto dadas pelo resto da bancada cubana reforçam sua tese.
LeMieux justificava seu bloqueio dizendo que, durante a
gestão de Shannon como secretário-assistente para Assuntos
do hemisfério Ocidental da
Chancelaria americana, que
ocupou no governo George W.
Bush e nos primeiros meses da
gestão Barack Obama, ele não
tinha sido duro o suficiente
com o regime castrista.
Sua decisão de recuar veio
quase cinco meses após a indicação de Obama e num momento em que a falta de um
embaixador no Brasil caminha
para ser um incidente diplomático entre Washington e um
país estrategicamente importante para as relações dos EUA.
LeMieux fez isso um dia depois de receber um telefonema
de Hillary Clinton e depois de
conseguir o que disse serem garantias por escrito do sucessor
de Shannon no cargo de número 1 para a América Latina.
No texto, Arturo Valenzuela
dá garantias de que grupos pró-democracia em Cuba continuarão a ser considerados no processo de recebimento de auxílio financeiro do Departamento de Estado e que dissidentes
do regime de Fidel Castro continuarão a receber apoio do escritório de interesses americanos em Havana.
O secretário-assistente também promete normalizar os laços com Honduras, rompidos
desde o golpe de Estado de junho, conforme os EUA vejam
"progressos do presidente eleito [Porfírio] Lobo e do povo
hondurenho na implementação dos princípios do Acordo
Tegucigalpa-San José [pacto
mediado pelos EUA em outubro para pôr fim à crise]".
Valenzuela, que acaba de visitar o Brasil, diz ainda no texto
que manterá o escritório de LeMieux informado de ações futuras na região. LeMieux disse
ontem que a emissão de vistos a
Honduras também tinha sido
normalizada.
Procurado pela Folha, o Departamento de Estado não
confirmou nem negou o teor da
carta até a conclusão da edição.
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