São Paulo, sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

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Opositor retira veto a indicado de Obama

Após receber garantias do Departamento de Estado, senador republicano desbloqueia nomeação de embaixador dos EUA no Brasil

Se nenhum outro membro da Casa impuser restrições, Thomas Shannon deve ser confirmado no cargo cinco meses após sua indicação


SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

O senador republicano que bloqueava a confirmação do novo embaixador dos EUA para o Brasil decidiu suspender seu veto ontem, depois de ouvir do Departamento de Estado americano que o governo continuaria a apoiar as iniciativas pró-democracia em Cuba.
George LeMieux, senador pela Flórida e representante da fatia ultraconservadora da comunidade cubano-americana do Estado, havia bloqueado a confirmação de Thomas Shannon depois de ele ter sido aprovado pela Comissão de Relações Exteriores do Senado.
Se nenhum outro senador apresentar objeções, o nome do diplomata indicado pelo presidente Barack Obama vai para votação nos próximos dias no Senado, onde estima-se que seja aprovado.
Indagado sobre a possibilidade de novos vetos de colegas seus, LeMieux respondeu: "Creio que Shannon será o próximo embaixador no Brasil". Manifestações de apoio ao fim do veto dadas pelo resto da bancada cubana reforçam sua tese.
LeMieux justificava seu bloqueio dizendo que, durante a gestão de Shannon como secretário-assistente para Assuntos do hemisfério Ocidental da Chancelaria americana, que ocupou no governo George W. Bush e nos primeiros meses da gestão Barack Obama, ele não tinha sido duro o suficiente com o regime castrista.
Sua decisão de recuar veio quase cinco meses após a indicação de Obama e num momento em que a falta de um embaixador no Brasil caminha para ser um incidente diplomático entre Washington e um país estrategicamente importante para as relações dos EUA.
LeMieux fez isso um dia depois de receber um telefonema de Hillary Clinton e depois de conseguir o que disse serem garantias por escrito do sucessor de Shannon no cargo de número 1 para a América Latina.
No texto, Arturo Valenzuela dá garantias de que grupos pró-democracia em Cuba continuarão a ser considerados no processo de recebimento de auxílio financeiro do Departamento de Estado e que dissidentes do regime de Fidel Castro continuarão a receber apoio do escritório de interesses americanos em Havana.
O secretário-assistente também promete normalizar os laços com Honduras, rompidos desde o golpe de Estado de junho, conforme os EUA vejam "progressos do presidente eleito [Porfírio] Lobo e do povo hondurenho na implementação dos princípios do Acordo Tegucigalpa-San José [pacto mediado pelos EUA em outubro para pôr fim à crise]".
Valenzuela, que acaba de visitar o Brasil, diz ainda no texto que manterá o escritório de LeMieux informado de ações futuras na região. LeMieux disse ontem que a emissão de vistos a Honduras também tinha sido normalizada.
Procurado pela Folha, o Departamento de Estado não confirmou nem negou o teor da carta até a conclusão da edição.


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