São Paulo, segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

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SOB NOVA DIREÇÃO / GRANDES EXPECTATIVAS

Obama sobe ao poder com 79% citando otimismo

Futuro presidente quer manter no governo a base de mobilização popular que o elegeu

Apesar de crise, pesquisa mostra que três quartos da população têm expectativas positivas, mas aceitam que mudança não seja rápida


DANIEL BERGAMASCO
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON

Com público estimado em 750 mil pessoas, que aglutinadas disfarçavam o frio perto de 0C na tarde de ontem em Wa- shington, um show com nomes de primeiro time celebrou Barack Obama e ratificou mais uma vez a euforia popular com a qual ele assume amanhã a Casa Branca.
Duas pesquisas divulgadas pela manhã colocaram números nessa imagem. Na New York Times/CBS News, 79% dos americanos estão otimistas para seu governo -taxa ao menos nove pontos percentuais superior às dos últimos seis presidentes. Na aferição Washington Post/ABC News, o mesmo percentual tem imagem "favorável" a ele.
Para as perguntas sobre como usará a notória expectativa popular em seu favor, uma resposta ressonante foi dada no fim de semana. Obama lançou o projeto "Organizando-se pela América", em que convoca grupos comunitários que se engajaram em sua campanha para se filiarem a uma nova rede na internet, por meio da qual poderão, diz Obama, "continuar organizando e trazendo mais gente para o processo político".
Na prática, ele tenta reforçar a base de apoio para projetos do governo em ações de voluntariado e arrecadação de dinheiro, mas também de pressão política sobre legisladores e Estados. Assim, quer importar para a Casa Branca o conceito de revolução "de baixo para cima", que o impulsionou na eleição.
A boa notícia para o próximo presidente é que o público que espera tanto de seu governo também está disposto a ter paciência. Na pesquisa do "Times", uma minoria prevê mudança efetiva em áreas prioritárias no primeiro ano de governo (na economia, 17%, e em saúde pública, apenas 9%). A consulta ouviu 1.112 adultos entre 12 e 15 de janeiro (a margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos). O número de "otimistas" (79%) é o maior desde a pesquisa começou, no governo de Jimmy Carter (1977, 70%).
Desde então, George W. Bush entrou na Casa Branca com a menor taxa de esperança (64%) e saiu dela com o pior índice de aprovação presidencial de todos os tempos: 22%.

Chão de estrelas
Apesar de a posse de amanhã ser a mais cara da história (mais de US$ 150 milhões), Obama anunciou o corte da verba para fogos de artifício para o Concerto de Posse, de ontem, para economizar -e assim mostrar sintonia com os americanos diante da crise econômica.
As relações de proximidade e distância com o povo oscilam. Ontem, no show no Memorial Lincoln -que teve estrelas como Bono, Beyoncé e Garth Brooks-, a família presidencial ficava no palco protegida por um aquário blindado. Por outro lado, so simpatizantes de Obama compartilharão um dos momentos mais exclusivos da posse: os bailes de gala.
O site MyBarackObama, rede social criada para sua campanha por um fundador do Facebook, convocou os mais de 1 milhão de militantes cadastrados a organizar seus próprios bailes com a comunidade e partilhar juntos da posse, como se fosse Natal ou Ação de Graças.
"Obama é agora como se fosse da minha família. Essa posse também é minha", disse à Folha Elisabeth Patrick, vinda de Indiana para a posse.
O Memorial Lincoln foi onde Martin Luther King fez, em 1968, o discurso histórico "Eu tenho um sonho". Obama -que celebra hoje o feriado pelo líder negro- disse para a multidão: "Vocês vieram por acreditar no que esse país pode ser e vão nos ajudar a chegar lá".


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