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Beatificações de Bento 16 já são 41% das feitas por seu antecessor
Casos sensíveis, como o de um bispo salvadorenho, seguem na lista de espera
DA REDAÇÃO
Em quase três anos, o papa
Bento 16 já beatificou 563 pessoas, o equivalente a 41% das
1.341 beatificações feitas por
seu antecessor, João Paulo 2º
nos 27 anos de seu pontificado.
A cifra se deve à maior cerimônia de beatificação em massa já feita pelo Vaticano, em outubro passado, quando o papa
tornou beatas 498 pessoas na
Espanha -a maioria padres e
freiras mortos pelas forças republicanas entre os anos de
1934 e 1937, no início da Guerra
Civil Espanhola.
À época, historiadores criticaram a cerimônia, que teve a
presença de políticos conservadores espanhóis, afirmando
que ela teve motivação política,
já que, entre 1980 e outubro, o
Vaticano já realizou 500 beatificações de clérigos mortos no
conflito. A Igreja Católica, que
apoiou a ditadura espanhola de
Francisco Franco (1939-75),
hoje critica o governo do socialista José Luis Zapatero.
Com o ritmo de beatificações, etapa que abre caminho à
canonização, o atual papa segue
o caminho de João Paulo 2º, recordista na declaração de santos (foram 482, contra 382 de
todos os antecessores, contabilizados a partir do século 16).
Desde que se tornou papa,
em abril de 2005, Bento 16 já
tornou 14 beatos santos, entre
eles frei Galvão, o primeiro santo nascido no Brasil.
Motivação
Os dados foram citados ontem pelo cardeal português José Saraiva Martins, prefeito da
Congregação para a Causa dos
Santos, no lançamento do documento "Sanctorum mater",
que detalha procedimentos a
serem seguidos em candidaturas para novos santos e beatos,
num movimento para aumentar o rigor das petições.
Há cerca de 2.200 processos
do tipo pendentes no Vaticano,
entre eles o do bispo de El Salvador, Oscar Romero, assassinado em 1980, e do papa Pio 12
(1939-58), considerado um caso delicado devido às acusações
de ter se omitido durante o Holocausto.
Questionado sobre Romero,
ícone da Teologia da Libertação, Martins negou que o Vaticano esteja bloqueando o caso e
disse que é preciso saber se ele
foi morto por motivos religiosos ("ódio a fé") ou políticos.
Romero foi assassinado
quando rezava uma missa, um
dia após ter criticado a repressão do governo militar em El
Salvador. Questionado sobre o
caso em 2007, Bento 16 afirmou: "O problema é que uma
parte política o usou como bandeira, injustamente".
Com agências internacionais
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