São Paulo, terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

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Beatificações de Bento 16 já são 41% das feitas por seu antecessor

Casos sensíveis, como o de um bispo salvadorenho, seguem na lista de espera

DA REDAÇÃO

Em quase três anos, o papa Bento 16 já beatificou 563 pessoas, o equivalente a 41% das 1.341 beatificações feitas por seu antecessor, João Paulo 2º nos 27 anos de seu pontificado.
A cifra se deve à maior cerimônia de beatificação em massa já feita pelo Vaticano, em outubro passado, quando o papa tornou beatas 498 pessoas na Espanha -a maioria padres e freiras mortos pelas forças republicanas entre os anos de 1934 e 1937, no início da Guerra Civil Espanhola.
À época, historiadores criticaram a cerimônia, que teve a presença de políticos conservadores espanhóis, afirmando que ela teve motivação política, já que, entre 1980 e outubro, o Vaticano já realizou 500 beatificações de clérigos mortos no conflito. A Igreja Católica, que apoiou a ditadura espanhola de Francisco Franco (1939-75), hoje critica o governo do socialista José Luis Zapatero.
Com o ritmo de beatificações, etapa que abre caminho à canonização, o atual papa segue o caminho de João Paulo 2º, recordista na declaração de santos (foram 482, contra 382 de todos os antecessores, contabilizados a partir do século 16).
Desde que se tornou papa, em abril de 2005, Bento 16 já tornou 14 beatos santos, entre eles frei Galvão, o primeiro santo nascido no Brasil.

Motivação
Os dados foram citados ontem pelo cardeal português José Saraiva Martins, prefeito da Congregação para a Causa dos Santos, no lançamento do documento "Sanctorum mater", que detalha procedimentos a serem seguidos em candidaturas para novos santos e beatos, num movimento para aumentar o rigor das petições.
Há cerca de 2.200 processos do tipo pendentes no Vaticano, entre eles o do bispo de El Salvador, Oscar Romero, assassinado em 1980, e do papa Pio 12 (1939-58), considerado um caso delicado devido às acusações de ter se omitido durante o Holocausto.
Questionado sobre Romero, ícone da Teologia da Libertação, Martins negou que o Vaticano esteja bloqueando o caso e disse que é preciso saber se ele foi morto por motivos religiosos ("ódio a fé") ou políticos.
Romero foi assassinado quando rezava uma missa, um dia após ter criticado a repressão do governo militar em El Salvador. Questionado sobre o caso em 2007, Bento 16 afirmou: "O problema é que uma parte política o usou como bandeira, injustamente".


Com agências internacionais

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