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Presidente do Haiti pede apoio político do Brasil a fundo
Em entrevista exclusiva à Folha, René Préval afirma que é hora de o país ajudar haitianos a criar plano de longo prazo
Em Porto Príncipe, o líder destaca projetos brasileiros em segurança e agricultura e diz que a Minustah deve ficar mais tempo na região
LUIS KAWAGUTI
EM PORTO PRÍNCIPE
O presidente haitiano, René
Préval, afirmou em entrevista
exclusiva à Folha que, depois
de receber apoio do Brasil com
assistência médica e fornecimento de alimentos e de tendas para desabrigados, deseja
agora apoio político brasileiro
para um plano de longo prazo
para a reconstrução do país.
Esse plano envolve a constituição de um fundo para organizar e canalizar a ajuda internacional para as verdadeiras
necessidades do país.
Préval, que atualmente usa o
prédio da Polícia Nacional do
Haiti como sede de governo, falou à Folha na tarde de anteontem, durante visita ao Brabatt
(Batalhão Brasileiro), na região
da capital, Porto Príncipe.
FOLHA - Qual foi a importância da
ajuda do Brasil após o terremoto?
RENÉ PRÉVAL - O Brasil tem muitos projetos no Haiti - em agricultura, [na redução de violência em] bairros complicados,
com [a ONG] Viva Rio-, mas,
na verdade, o que está acontecendo é que o povo haitiano está vendo a Minustah [missão de
paz da ONU no Haiti] através
do Brasil. Todos os projetos
brasileiros são importantes,
mas, no caso da Minustah, o
Brasil ajudou bastante na melhora da segurança entre os
anos de 2004 a 2006 nos bairros mais pobres da capital.
Além disso, os brasileiros
também trabalharam muito
para formar a polícia haitiana.
E, em 2008, quando tivemos
quatro furacões, as tropas e o
povo brasileiros ajudaram muito o povo haitiano.
Hoje agradeço ao Brasil por
ter ajudado o Haiti depois do
terremoto. Esta [entrevista] é
uma oportunidade de agradecer ao Brasil por toda a ajuda
com alimentos, remédios e socorristas que vieram ao Haiti.
Eu apresento minha simpatia e
minhas condolências para as
famílias de todos os brasileiros
que morreram ou se feriram
naquela ocasião.
FOLHA - Quais as necessidades do
Haiti hoje e como o Brasil pode ajudar a partir de agora?
PRÉVAL - Temos que olhar para
o futuro e achar [juntos] uma
solução a longo prazo. No final
de março haverá uma grande
conferência [de doadores, na
ONU em Nova York] e nós contamos com o Brasil para apoiar
a posição haitiana e também
para nos ajudar a constituir
juntos um fundo comum, que
todos os amigos do Haiti vão
alimentar. [O fundo evitará]
que haja procedimentos diferentes [com investimentos desorganizados ou desnecessários] para avançar na reconstrução do Haiti.
FOLHA - Qual o peso do Brasil em
relação a outros parceiros do país,
como os EUA, o Canadá e a França?
PRÉVAL - Não podemos colocar
em uma balança quem faz mais
ou menos para o Haiti. Nós colocamos toda a ajuda junta para
fazer um grande trabalho de
apoio [às vítimas].
FOLHA - Até quando o sr. acredita
que as tropas da Minustah vão ter
que ficar no país?
PRÉVAL - Nós estamos na sexta
missão de paz no Haiti. Houve
uma avaliação errada da situação para a retirada [das tropas
nas missões anteriores]. Há
tropas da ONU aqui desde
1994. Elas vão embora quando
acham que a situação está controlada e voltam quando a situação piora. Já são 16 anos assim. É melhor ter mais calma e
[fazer a Minustah] ficar mais
tempo do que fazer diversas pequenas missões.
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