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EM CASA
Departamento da Segurança interna anuncia megaoperação que intensifica vigilância e prevê a prisão de iraquianos
"Escudo da Liberdade" defende EUA
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
O Departamento da Segurança
Interna dos Estados Unidos
anunciou ontem uma megaoperação para aumentar a vigilância
no país e em suas fronteiras.
Batizada de "Escudo da Liberdade", a ação prevê a detenção de
cidadãos iraquianos e de outros
33 países com supostas ligações
com a Al Qaeda que estão buscando asilo político nos EUA.
"Queremos ter certeza de que
vocês são quem realmente dizem
ser", disse Tom Ridge, secretário
da Segurança Interna, dirigindo-se às pessoas que já estão em solo
americano e que agora serão detidas para averiguação.
O FBI, a polícia federal dos
EUA, também vai monitorar e interrogar iraquianos vivendo no
país para prevenir os chamados
"crimes de ódio" contra cidadãos
americanos.
Há poucos dias, o Departamento de Estado dos EUA expulsou
do país 300 pessoas de mais de 60
países por desconfiar que pudessem constituir uma ameaça.
Também houve prisões.
Protestos
Entidades de direitos civis vêm
protestando contra as medidas
por considerá-las arbitrárias e
discriminatórias.
Além das detenções, Ridge
anunciou um "substancial" aumento na segurança de portos,
aeroportos, estações de trem e estradas americanas.
Na prática, automóveis voltarão
a ser parados para buscas nas proximidades de aeroportos, revistas
serão reforçadas em embarques e
desembarques e haverá mais policiais nas ruas -o que já era visível
ontem em Washington e Nova
York.
Haverá também maiores restrições em espaços aéreos, como sobre a capital do país e em parques
temáticos como a Disneylândia e
Disneyworld.
Internet vigiada
"Reforçaremos também o monitoramento da internet", disse
Ridge, que pediu a ajuda dos 50
governadores norte-americanos
para aumentarem o policiamento
em seus Estados.
A operação "Escudo da Liberdade" foi anunciada horas depois
de os EUA terem dado um ultimato a Saddam Hussein e elevado
o sistema de alerta de riscos do
país de "amarelo" (médio) para
"laranja" (alto). Foi a segunda vez
em um mês que o código passou
ao penúltimo nível de sua escala
de cinco cores.
Ridge disse que atenção especial
deverá ser dada a usinas nucleares
e fábricas, distribuidoras e importadoras de alimentos.
Na mesma linha, o Departamento do Tesouro norte-americano anunciou um reforço para redes de computadores de bancos
e de Bolsas de Valores "durante as
hostilidades contra o Iraque".
Amigo pessoal do presidente
George W. Bush e agora chefe de
um departamento que passou a
reunir este mês 22 agências até então separadas, Tom Ridge vem
sofrendo críticas de entidades de
direitos civis, parlamentares democratas e do público por ações
controversas já tomadas em sua
área.
Seus esforços estariam negligenciando o combate a outros tipos de crime nos EUA. Só do FBI,
Ridge deslocou 2.500 dos 11.500
homens da força para o combate
ao terrorismo.
Na área de Washington, isso
significou um corte pela metade
nos agentes especializados em crimes de "colarinho branco" (financeiros) e em uma queda de
41% nos processos contra criminosos envolvidos com o tráfico de
drogas.
Ridge também é criticado por
incitar os americanos a "ficar de
olho" em pessoas com "atitudes
suspeitas" e chegou a recomendar
a compra maciça de fitas adesivas
para que famílias pudessem selar
cômodos de casa em caso de um
eventual ataque biológico.
Há algumas semanas, virou motivo de piada quando Jay Leno,
âncora de um programa de entrevistas na TV, perguntou o que o
secretário recomendava diante de
uma alteração no grau de risco de
ataque terrorista. "O que faço se
estou de cuecas vendo um jogo na
sala e vocês aumentam o alerta?",
perguntou Leno. "Ponha um calção", foi a resposta de Ridge.
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