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São Paulo, quarta-feira, 19 de março de 2003

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EM CASA

Departamento da Segurança interna anuncia megaoperação que intensifica vigilância e prevê a prisão de iraquianos

"Escudo da Liberdade" defende EUA

FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON

O Departamento da Segurança Interna dos Estados Unidos anunciou ontem uma megaoperação para aumentar a vigilância no país e em suas fronteiras.
Batizada de "Escudo da Liberdade", a ação prevê a detenção de cidadãos iraquianos e de outros 33 países com supostas ligações com a Al Qaeda que estão buscando asilo político nos EUA.
"Queremos ter certeza de que vocês são quem realmente dizem ser", disse Tom Ridge, secretário da Segurança Interna, dirigindo-se às pessoas que já estão em solo americano e que agora serão detidas para averiguação.
O FBI, a polícia federal dos EUA, também vai monitorar e interrogar iraquianos vivendo no país para prevenir os chamados "crimes de ódio" contra cidadãos americanos.
Há poucos dias, o Departamento de Estado dos EUA expulsou do país 300 pessoas de mais de 60 países por desconfiar que pudessem constituir uma ameaça. Também houve prisões.

Protestos
Entidades de direitos civis vêm protestando contra as medidas por considerá-las arbitrárias e discriminatórias.
Além das detenções, Ridge anunciou um "substancial" aumento na segurança de portos, aeroportos, estações de trem e estradas americanas.
Na prática, automóveis voltarão a ser parados para buscas nas proximidades de aeroportos, revistas serão reforçadas em embarques e desembarques e haverá mais policiais nas ruas -o que já era visível ontem em Washington e Nova York.
Haverá também maiores restrições em espaços aéreos, como sobre a capital do país e em parques temáticos como a Disneylândia e Disneyworld.

Internet vigiada
"Reforçaremos também o monitoramento da internet", disse Ridge, que pediu a ajuda dos 50 governadores norte-americanos para aumentarem o policiamento em seus Estados.
A operação "Escudo da Liberdade" foi anunciada horas depois de os EUA terem dado um ultimato a Saddam Hussein e elevado o sistema de alerta de riscos do país de "amarelo" (médio) para "laranja" (alto). Foi a segunda vez em um mês que o código passou ao penúltimo nível de sua escala de cinco cores.
Ridge disse que atenção especial deverá ser dada a usinas nucleares e fábricas, distribuidoras e importadoras de alimentos.
Na mesma linha, o Departamento do Tesouro norte-americano anunciou um reforço para redes de computadores de bancos e de Bolsas de Valores "durante as hostilidades contra o Iraque".
Amigo pessoal do presidente George W. Bush e agora chefe de um departamento que passou a reunir este mês 22 agências até então separadas, Tom Ridge vem sofrendo críticas de entidades de direitos civis, parlamentares democratas e do público por ações controversas já tomadas em sua área.
Seus esforços estariam negligenciando o combate a outros tipos de crime nos EUA. Só do FBI, Ridge deslocou 2.500 dos 11.500 homens da força para o combate ao terrorismo.
Na área de Washington, isso significou um corte pela metade nos agentes especializados em crimes de "colarinho branco" (financeiros) e em uma queda de 41% nos processos contra criminosos envolvidos com o tráfico de drogas.
Ridge também é criticado por incitar os americanos a "ficar de olho" em pessoas com "atitudes suspeitas" e chegou a recomendar a compra maciça de fitas adesivas para que famílias pudessem selar cômodos de casa em caso de um eventual ataque biológico.
Há algumas semanas, virou motivo de piada quando Jay Leno, âncora de um programa de entrevistas na TV, perguntou o que o secretário recomendava diante de uma alteração no grau de risco de ataque terrorista. "O que faço se estou de cuecas vendo um jogo na sala e vocês aumentam o alerta?", perguntou Leno. "Ponha um calção", foi a resposta de Ridge.


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