São Paulo, segunda-feira, 19 de março de 2007

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EUA admitem diálogo com palestinos

Decisão de manter contatos com governantes não-afiliados ao Hamas contraria Israel e aproxima os EUA da Europa

Países vão manter sanções econômicas à Autoridade Palestina; criança é morta em ataque no dia seguinte à instalação do novo governo

Abed Omar Qusini/Reuters
Estudantes palestinas celebram, na Cisjordânia, governo de aliança entre Fatah e Hamas, aprovado anteontem pelo Parlamento


DA REDAÇÃO

Os Estados Unidos admitiram ontem a intenção de manter contatos com governantes palestinos que não pertençam ao Hamas, grupo radical islâmico envolvido em atividades terroristas.
O Hamas formou, junto com o secular Fatah, um governo de coalizão palestino aprovado ontem pelo Parlamento. Governo esse que Israel decidiu boicotar, afirmando que é impossível estabelecer diálogo a menos que a coalizão Hamas-Fatah renuncie à violência e admita o direito de Israel existir.
O primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, afirmou que manterá diálogo apenas com o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, do Fatah -e os contatos se limitarão a questões relacionadas "à qualidade de vida da população palestina".
"Israel não quer recomeçar o processo de paz; precisa reconsiderar sua posição", comentou o ministro palestino do Planejamento, Samir Eisha.
EUA e Israel concordaram em manter as sanções econômicas impostas pelo Quarteto (EUA, Rússia, União Européia e ONU) e por Israel desde que o Hamas ganhou as eleições legislativas de março do ano passado. Um dos objetivos do governo de coalizão é pôr fim às sanções econômicas e extinguir os conflitos entre partidários do Fatah e do Hamas.
A porta-voz do consulado dos EUA em Jerusalém, Micaela Schweitzer-Bluhm, afirmou que os Estados Unidos manterão as sanções até que o governo palestino reconheça Israel e renuncie à violência. "Nós continuaremos com a nossa política de não manter contatos com membros de organizações terroristas", afirmou.
Não obstante o consulado afirmou que contatos com os membros do Fatah que fazem parte do governo palestino serão analisados caso a caso e podem ser autorizados por Washington.
A decisão dos EUA de flexibilizar as relações diplomáticas com o governo palestino aproxima o país do Reino Unido, da França e de outros europeus que aceitaram manter relações com governantes que não estejam ligados ao Hamas.

Violência
Ontem, uma criança palestina de oito anos morreu após ter sido atingida por disparos feitos por milicianos armados na Faixa de Gaza. É a primeira vítima fatal desde que o novo governo foi estabelecido. Outras duas mulheres e um adolescente ficaram feridos no mesmo tiroteio.


Com agências internacionais


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