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Após Chávez tomar portos, oposição promove protestos
Divididos, governadores atraem pouco apoio nas ruas
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
Divididos, os governadores
da oposição venezuelana realizaram ontem as primeiras manifestações de rua contra a
transferência ao governo central de bens e serviços públicos
promovida pelo presidente Hugo Chávez, que no domingo ordenou intervenção militar em
três grandes portos do país.
No final da tarde, uma pequena multidão de algumas centenas de pessoas se concentrou
na praça Brión, na afluente zona leste de Caracas, em protesto convocado na véspera por 4
dos 5 governadores opositores.
"Chávez está dando um golpe
na Constituição. Não estou
aqui defendendo uma parte do
poder. Estamos defendendo
uma vida melhor ao povo venezuelano, que defenderá seus
governos regionais", discursou
o governador distrital de Caracas, Antonio Ledezma, que nos
últimos meses teve hospitais,
escolas e outras instituições
passadas ao governo federal.
Amanhã, está marcado um
protesto em Zulia (oeste), principal reduto opositor e polo petroleiro. Em desafio à decisão
de Chávez, a Assembleia Legislativa estadual, controlada pela
oposição, fez ontem sua sessão
dentro do porto de Maracaibo,
o único dos três controlados
pela oposição que ainda não está sob intervenção militar.
O único governador opositor
que não participa das ações
coordenadas é o de Carabobo
(centro), Henrique Salas Feo.
Ele deve perder a administração de Puerto Cabello, que concentra 80% do transporte marítimo não-petroleiro da Venezuela. Desde o domingo à noite,
as instalações estão sob vigilância militar, embora a administração continue sob responsabilidade do governo estadual.
Filiado a um partido regional
e membro de uma família tradicional de Carabobo, onde seu
pai também foi governador, Salas Feo não tem aparecido ao
lado dos colegas opositores alegando que uma "frente" da oposição falhara em 2004, quando
Chávez venceu o referendo revogatório de seu mandato.
Anteontem, Salas Feo foi o
grande ausente de entrevista
coletiva de governadores da
oposição, em Caracas. Ali, prometeram manifestações e "todas as ações legais" contra a reforma da Lei de Descentralização, aprovada pela Assembleia
na semana passada e promulgada por Chávez anteontem.
Na segunda, Salas Feo entrou
sozinho com um recurso no
Tribunal Supremo de Justiça.
As chances de uma decisão favorável à oposição, no entanto,
são quase nulas, pois a maioria
dos juízes vota em favor de
Chávez, consequência de uma
ampla reforma do Judiciário
promovida por ele em 2004.
Anteontem, o presidente voltou a afirmar que intervirá nos
portos e aeroportos administrados por governos estaduais
da oposição por serem de "[interesse] estratégico nacional".
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