São Paulo, sexta-feira, 19 de março de 2010

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Congresso dos EUA faz lobby pró-exportação à ilha

ANDREA MURTA
DE WASHINGTON

Citando a perda de oportunidades para Brasil e Europa, deputados e senadores dos EUA ligados ao agronegócio elevaram publicamente a pressão na última semana pela aprovação de propostas de lei para facilitar a exportação de alimentos para Cuba e liberar viagens de americanos para a ilha.
Em audiência especial na Câmara dos Representantes (deputados) no dia 11, o presidente da Comissão de Agricultura da Casa, Collin Peterson, afirmou que "as restrições no comércio de alimentos com Cuba não atingiram seus objetivos [de pressão política] e entregaram um mercado de exportações no nosso quintal nas mãos de brasileiros, europeus e outros".
O democrata Peterson é coautor da Lei de Reforma das Restrições de Viagens e Fortalecimento das Exportações, apresentada no mês passado.
Enquanto isso, a presidente da Comissão de Agricultura do Senado dos EUA, Blanche Lincoln, enviou carta aberta à Comissão de Finanças dessa Casa pedindo rapidez na análise de lei análoga. "Exortamos ação rápida", escreveu Lincoln. O projeto está parado na Comissão de Finanças do Senado desde maio de 2009 -até agora o apoio na Câmara é mais forte.
As pressões, porém, estão aumentando. Lincoln representa o Arkansas, maior produtor de arroz dos EUA. O setor trabalha pela liberação das exportações devido à alta demanda por arroz em Cuba, especialmente em cenário de crise nos EUA.
Desde 2000, quando os EUA levantaram sanções contra venda de produtos de agricultura a Cuba, o país se tornou o mais importante fornecedor de alimentos para a ilha e seu quinto maior parceiro comercial de bens em geral (2009).
Mas cubanos ainda são obrigados a pagar adiantado e em dinheiro -não há oferta de crédito- e são necessários inúmeros licenciamentos para empresas dos EUA que queiram fazer negócios com o país.
Além disso, empresários dos EUA têm dificuldades em viajar ao país -só no ano passado o governo relaxou restrições de viagens à ilha, e mesmo assim só para cubano-americanos.
As leis que tramitam no Congresso não introduzem a possibilidade de crédito no comércio bilateral, que continuaria em dinheiro, mas não haveria obrigatoriedade de pagamento adiantado (e sim na entrega). Também facilitariam o envio do pagamento, sem a necessidade de triangulação.
"Mas o mais importante é a facilitação das viagens", afirmou à Folha o analista Phillip Peters, consultor para Cuba da Câmara dos EUA. "Os lucros que Cuba teria ao receber americanos poderiam ser usados para a compra de commodities, o que fortaleceria nossas exportações à ilha."
O volume das exportações, após rápido crescimento desde 2000, caiu depois da alta recente do preço das commodities e os efeitos da crise em Cuba. De US$ 710 milhões em 2008, a venda de alimentos americanos à ilha caiu para US$ 178,8 milhões em 2009.


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