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Congresso dos EUA faz lobby pró-exportação à ilha
ANDREA MURTA
DE WASHINGTON
Citando a perda de oportunidades para Brasil e Europa, deputados e senadores dos EUA
ligados ao agronegócio elevaram publicamente a pressão na
última semana pela aprovação
de propostas de lei para facilitar a exportação de alimentos
para Cuba e liberar viagens de
americanos para a ilha.
Em audiência especial na Câmara dos Representantes (deputados) no dia 11, o presidente
da Comissão de Agricultura da
Casa, Collin Peterson, afirmou
que "as restrições no comércio
de alimentos com Cuba não
atingiram seus objetivos [de
pressão política] e entregaram
um mercado de exportações no
nosso quintal nas mãos de brasileiros, europeus e outros".
O democrata Peterson é
coautor da Lei de Reforma das
Restrições de Viagens e Fortalecimento das Exportações,
apresentada no mês passado.
Enquanto isso, a presidente
da Comissão de Agricultura do
Senado dos EUA, Blanche Lincoln, enviou carta aberta à Comissão de Finanças dessa Casa
pedindo rapidez na análise de
lei análoga. "Exortamos ação
rápida", escreveu Lincoln. O
projeto está parado na Comissão de Finanças do Senado desde maio de 2009 -até agora o
apoio na Câmara é mais forte.
As pressões, porém, estão aumentando. Lincoln representa
o Arkansas, maior produtor de
arroz dos EUA. O setor trabalha
pela liberação das exportações
devido à alta demanda por arroz em Cuba, especialmente
em cenário de crise nos EUA.
Desde 2000, quando os EUA
levantaram sanções contra
venda de produtos de agricultura a Cuba, o país se tornou o
mais importante fornecedor de
alimentos para a ilha e seu
quinto maior parceiro comercial de bens em geral (2009).
Mas cubanos ainda são obrigados a pagar adiantado e em
dinheiro -não há oferta de crédito- e são necessários inúmeros licenciamentos para empresas dos EUA que queiram
fazer negócios com o país.
Além disso, empresários dos
EUA têm dificuldades em viajar ao país -só no ano passado
o governo relaxou restrições de
viagens à ilha, e mesmo assim
só para cubano-americanos.
As leis que tramitam no Congresso não introduzem a possibilidade de crédito no comércio
bilateral, que continuaria em
dinheiro, mas não haveria obrigatoriedade de pagamento
adiantado (e sim na entrega).
Também facilitariam o envio
do pagamento, sem a necessidade de triangulação.
"Mas o mais importante é a
facilitação das viagens", afirmou à Folha o analista Phillip
Peters, consultor para Cuba da
Câmara dos EUA. "Os lucros
que Cuba teria ao receber americanos poderiam ser usados
para a compra de commodities,
o que fortaleceria nossas exportações à ilha."
O volume das exportações,
após rápido crescimento desde
2000, caiu depois da alta recente do preço das commodities e os efeitos da crise em Cuba. De US$ 710 milhões em
2008, a venda de alimentos
americanos à ilha caiu para
US$ 178,8 milhões em 2009.
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