São Paulo, sábado, 19 de março de 2011

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Lula recusa convite para almoço com Obama e Dilma em Brasília

Evento acontece hoje, no primeiro dia da visita do presidente dos EUA ao país com a família

Casa Branca transforma discurso público que Obama faria amanhã, na Cinelândia, no Rio, em evento restrito

DO RIO
DE BRASÍLIA
DE WASHINGTON


Luiz Inácio Lula da Silva foi o único ex-presidente brasileiro que recusou convite para ir ao almoço oferecido hoje por Dilma Rousseff, no Itamaraty, ao colega norte-americano Barack Obama, que inicia nesta manhã, por Brasília, sua visita ao país.
Todos os ex-presidentes após 1985 foram chamados -José Sarney, Fernando Collor e Fernando Henrique Cardoso irão ao almoço. Até ontem, Itamar Franco não havia respondido ao convite, mas era esperado no evento.
A Folha apurou que Lula informou ao Planalto que não iria. Ele tem dito a interlocutores estar no período de "quarentena", e, segundo uma pessoa próxima de Lula, faz um esforço para não roubar os holofotes de Dilma.
Quando presidente, Lula teve uma relação de bons e maus momentos com Obama. Por um lado, em encontro de chefes de Estado em 2009, Obama elogiou o brasileiro e o chamou de "o cara".
Por outro lado, Obama não veio ao país no governo Lula. Era um desejo do ex-presidente, e o Planalto especulava que o motivo da recusa eram as divergências dos dois países sobre Oriente Médio, especialmente o Irã.

DISCURSO PARA 2.000
Alegando "preocupações sobre a realização do evento ao ar livre", o governo dos EUA cancelou o discurso público que Obama faria amanhã, na Cinelândia, no Rio.
O presidente, que vem com a família, agora fará seu grande "discurso ao povo brasileiro" para 2.000 pessoas no Teatro Municipal. Pelo formato anterior, falaria a pelo menos 35 mil pessoas.
Entre as preocupações está a questão da segurança.
Uma fonte próxima à Casa Branca especulou que o presidente quis evitar um evento com multidões, que fatalmente teria um ar festivo, em meio à situação na Líbia.
A Folha apurou que o governo brasileiro viu na possibilidade de manifestações contra o norte-americano a provável causa do cancelamento -mais do que em questões de segurança.
Obama chega a Brasília com uma delegação de representantes de 60 empresas. Do lado brasileiro, porém, há certa irritação com o que vem sendo encarado como "visão utilitarista" dos EUA sobre o Brasil, especialmente diante do deficit na balança comercial (US$ 7,7 bilhões em 2010, em detrimento do Brasil).
Apesar de pedir muito, os EUA estariam oferecendo pouco. Duas principais demandas do lado brasileiro -apoio no Conselho de Segurança da ONU e à derrubada das tarifas ao álcool- deverão ser frustradas.


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