São Paulo, sábado, 19 de março de 2011

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Para secretário, expansão deve ser revista

CLAUDIO ANGELO
DE BRASÍLIA
DIANA BRITO
DO RIO

O novo secretário nacional de Mudança Climática, Eduardo Assad, criticou a expansão da energia nuclear no Brasil. Segundo ele, o país deveria pensar em outras formas de energia antes de expandir seu parque nuclear.
"Nós temos tantas opções antes dessa que eu não consigo entender que a gente ainda discuta isso, ainda mais depois desse acidente", disse Assad à Folha, ressaltando que se trata de uma opinião pessoal, não do Ministério do Meio Ambiente.
A pasta sempre foi contra a construção de novas usinas atômicas.
Assad, pesquisador da Embrapa, assumiu a secretaria do clima nesta semana, e pilotará a estratégia de redução de emissões do Brasil.
Defensores da energia nuclear dizem que expandi-la no Brasil é uma forma de atender à demanda por energia sem gerar emissões de carbono -portanto, uma forma de agir contra o aquecimento global.
A área ambiental do governo aposta em investimentos em pequenas hidrelétricas e em energia eólica, solar e de biomassa.
"Podem não suprir toda a demanda por energia do país, mas vão ajudar bastante", disse o secretário. "Apoiar expansão de energia nuclear é complicado."

EXERCÍCIOS BIZARROS
O secretário estadual do Meio Ambiente do RJ, Carlos Minc (PT) -que como ministro da área acabou licenciando Angra 3-, defendeu que os procedimentos de emergência em Angra sejam mudados. Para ele, o exercícios de treinamento da população para o caso de acidente são "bizarros e hilários".
"Era um número pequeno de pessoas, que preenchiam um cadastro, ganhavam um crachá, um sanduíche de mortadela...entravam num ônibus, andavam 20 minutos para cá e para lá para ouvir que não havia riscos e que tudo aquilo era seguro. Como se fosse quase impossível ter um acidente", disse Minc sobre um exercício que seguiu há cerca de cinco anos.
"Ter exercícios mais frequentes, com gente Angra, Parati, Mangaratiba e outros municípios, onde deve haver quase 100 mil pessoas, é essencial para um plano emergencial de qualidade. A impressão é que o pessoal não leva muito a sério os exercícios atuais."
O secretário vai sugerir ao governador Sérgio Cabral (PMDB) que o monitoramento passe a ser feito por uma empresa independente, não ligada à Eletronuclear, responsável pelo sistema.
Eduardo Grand Court, da diretoria de Planejamento, Gestão e Meio Ambiente da estatal, disse que deve ser implantado no primeiro semestre de 2012 um novo plano de monitoramento.
O novo plano cobre uma área de até 50 km do entorno das usinas. Atualmente, cobre de 3 km a 20 km de área -o que, segundo ele, segue o padrão internacional.


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