São Paulo, quarta-feira, 19 de abril de 2006

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Jordânia acusa o Hamas de infiltrar armas

DA REDAÇÃO

A Jordânia cancelou ontem a visita que o ministro das Relações Exteriores palestino faria ao país, após acusar o grupo terrorista Hamas de contrabandear armas e explosivos para o seu território.
O cancelamento é o segundo golpe sofrido pelo chanceler palestino, Mahmoud Zahar, nos últimos dias. Na sexta-feira Zahar foi ao Cairo, mas não conseguiu reunir-se com o chanceler egípcio, que alegou estar "ocupado".
O porta-voz do governo jordaniano, Nasser Judeh, disse que a visita de Zahar, que estava planejada para hoje, havia sido suspensa "até segunda ordem". Judeh disse à agência de notícias Associated Press que "mísseis, explosivos e armas automáticas foram interceptados nos últimos dias".
Membros do Hamas, segundo o porta-voz, conseguiram infiltrar "armas perigosas no país e armazená-las".

Líder radical
O chanceler Mahmoud Zahar é o mais destacado líder do Hamas na faixa de Gaza e um dos mais radicais do grupo terrorista, defendendo com freqüência a continuação dos ataques contra Israel e o não reconhecimento do direito de existência do Estado judeu.
Em um comunicado enviado à agência de notícias oficial da Jordânia, Petra, Judeh disse que os serviços de segurança do país haviam detectado ativistas do Hamas "explorando vários potenciais alvos vitais" na capital, Amã, e em outras cidades do país. O porta-voz jordaniano não deu detalhes dos alvos citados.
O governo da Jordânia tem acordo de paz com Israel desde 1994 e mantém uma linha dura contra os militantes radicais, tendo chegado a expulsar do país o atual líder supremo do Hamas, Khaled Meshal.
Após a vitória eleitoral que colocou o Hamas no poder palestino, em janeiro, Jordânia e Egito -que também têm relações diplomáticas com Israel- exortaram o grupo a aceitar o plano árabe, que prevê o reconhecimento de Israel em troca da retirada total dos territórios palestinos.
A grande quantidade de palestinos na Jordânia, que constituem mais de metade da população do país, já provocou problemas sérios no passado. O mais grave ocorreu em 1970 e ficou conhecido como "Setembro Negro", quando a monarquia do rei Hussein enfrentou o movimento nacionalista palestino comandado por Yasser Arafat, que tentava derrubá-lo e mantinha "um Estado dentro de um Estado". Estima-se que os dez dias do conflito tenham deixado até 5.000 mortos.
Forçada a sair da Jordânia, a Organização para Libertação da Palestina (OLP) de Arafat se instalaria no Líbano. O Setembro Negro jordaniano batizaria a facção da OLP responsável pelo atentado nas Olimpíadas de Munique, em 1972, no qual 11 atletas israelenses foram assassinados.


Com agências internacionais

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