São Paulo, quinta-feira, 19 de abril de 2007

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Piqueteira é atração de reality show argentino

BRUNO LIMA
DE BUENOS AIRES

Cerca de 200 piqueteiros tomaram um estúdio de TV anteontem à noite em Buenos Aires. Não era um protesto. Era apenas a torcida de Saturnina Peloso, 45, uma líder piqueteira argentina que, dançando, fazia sua estréia como estrela de TV.
Representante do mais combativo grupo piqueteiro contrário ao presidente Néstor Kirchner, Nina é uma das concorrentes do "Bailando por un sueño", a versão argentina do reality show que foi batizado no Brasil como "Dança dos Famosos" (Globo) ou "Dançando por um sonho" (SBT).
Prometendo usar a mídia para difundir as "lutas do movimento", a piqueteira, que ganha US$ 2.000 para dançar, desembarcou num dos programas de maior audiência do país. A atração compete com o "Gran Hermano", "Big Brother" local.
Na primeira vez no palco, Nina, que já foi chamada de "Evita piqueteira", exibiu um cartaz lembrando o professor argentino morto neste mês em um protesto. Sua participação no show, porém, foi apontada como mais um sinal da inconsistência do atual movimento piqueteiro, quase todo alinhado a Kirchner.
O convite da TV veio em dezembro, mas só foi aceito depois de ser discutido em assembléia do Movimento Independente de Aposentados e Desempregados, que diz ter 40 mil membros.
Poucos dias antes, o marido de Nina, Raúl Castells, 53, líder do grupo, havia saído de uma marcha com 20% do corpo queimado. Na época, Castells disse que um policial, a mando do "kirchnerismo", tinha tentado matá-lo com um lança-chamas. A polícia negou possuir o equipamento e afirmou ter ocorrido um acidente com uma bomba usada pelos próprios piqueteiros.
Em outubro do ano passado, durante uma festa de grifes internacionais na avenida Alvear, na Recoleta, o movimento encabeçado pelo casal convocou um "protesto do contraste". Foi distribuir comida ao lado dos tapetes vermelhos do evento e atraiu grande quantidade de mendigos para o local. Reprimidos, os piqueteiros atiraram comida nos policiais.


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