São Paulo, domingo, 19 de abril de 2009

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Lula recomenda visitas à região

Brasileiro sugere a Obama que viagens a Venezuela, Bolívia e Equador ajudarão na reaproximação com EUA

Lula afirma que Chávez é vítima de "preconceito" por aprovar reeleição indefinida e reclama da desatenção da cúpula à crise mundial

DO ENVIADO ESPECIAL A PORT OF SPAIN

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugeriu ontem a seu colega norte-americano Barack Obama que visite os países cujas relações com os EUA estão bastante azedadas, em óbvia alusão a Venezuela, Bolívia e Equador. Se Obama não puder ir pessoalmente, que envie um alto funcionário, disse Lula.
A sugestão foi feita durante o diálogo entre Obama e os 12 chefes de governo da Unasul (União Sul-Americana de Nações), encontro fortemente comemorado pela diplomacia brasileira que é a principal estimuladora da integração sul-americana. "O reconhecimento da Unasul é muito importante", diz o chanceler Celso Amorim.
A sugestão revela duas coisas: primeiro, o papel de ponte que o governo Lula está exercendo entre Obama e os países sul-americanos e, segundo, a defesa enfática que o brasileiro faz das mudanças na América Latina e da necessidade que os Estados Unidos têm de reconhecê-las e aceitá-las.
Nesse sentido, Lula defendeu Hugo Chávez, dizendo que há "preconceito" contra o líder venezuelano, a partir do fato de que buscou a reeleição indefinida, quando no parlamentarismo europeu há lideranças que ficam 10 ou 12 anos no poder e ninguém critica.
É a mesma defesa que Lula fez em Washington no encontro a sós com Obama, mas com maior significado por ser repetida na presença de Chávez e demais líderes sul-americanos.
O presidente brasileiro repetiu o que vem dizendo a respeito da "esperança" que a eleição de Obama despertou de uma mudança em geral, mas também especificamente nas relações com a América Latina.
Mas Lula não deixou de reclamar do que considerou "baixa prioridade" dedicada pela 5ª Cúpula das Américas à crise econômica. Citou o fato de que o documento final joga para 2010 uma reunião para discutir os efeitos da crise sobre a pobreza na região. "Em 2010 talvez não haja mais nem crise nem pobres", ironizou Amorim, ao fazer um relato aos jornalistas da reunião.
Não só na reunião da Unasul com Obama mas nas sessões plenárias do sábado, boa parte dos governantes referiu-se à crise econômica global.
O próprio Obama, aliás, relatou as medidas tomadas pelo seu governo para limpar o sistema bancário dos chamados "ativos tóxicos" e para comentar favoravelmente as propostas de regulação do sistema financeiro aprovadas na cúpula do G20 de Londres, há 15 dias. Fez questão de ressaltar, no encontro com a Unasul, que Brasil e Argentina, também membros do G20, estiveram alinhados com os EUA nesse tema. (CLÓVIS ROSSI)


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