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Lula recomenda visitas à região
Brasileiro sugere a Obama que viagens a Venezuela, Bolívia e Equador ajudarão na reaproximação com EUA
Lula afirma que Chávez é
vítima de "preconceito" por
aprovar reeleição indefinida
e reclama da desatenção
da cúpula à crise mundial
DO ENVIADO ESPECIAL A PORT OF SPAIN
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugeriu ontem a seu
colega norte-americano Barack
Obama que visite os países cujas relações com os EUA estão
bastante azedadas, em óbvia
alusão a Venezuela, Bolívia e
Equador. Se Obama não puder
ir pessoalmente, que envie um
alto funcionário, disse Lula.
A sugestão foi feita durante o
diálogo entre Obama e os 12
chefes de governo da Unasul
(União Sul-Americana de Nações), encontro fortemente comemorado pela diplomacia
brasileira que é a principal estimuladora da integração sul-americana. "O reconhecimento
da Unasul é muito importante",
diz o chanceler Celso Amorim.
A sugestão revela duas coisas: primeiro, o papel de ponte
que o governo Lula está exercendo entre Obama e os países
sul-americanos e, segundo, a
defesa enfática que o brasileiro
faz das mudanças na América
Latina e da necessidade que os
Estados Unidos têm de reconhecê-las e aceitá-las.
Nesse sentido, Lula defendeu
Hugo Chávez, dizendo que há
"preconceito" contra o líder venezuelano, a partir do fato de
que buscou a reeleição indefinida, quando no parlamentarismo europeu há lideranças
que ficam 10 ou 12 anos no poder e ninguém critica.
É a mesma defesa que Lula
fez em Washington no encontro a sós com Obama, mas com
maior significado por ser repetida na presença de Chávez e
demais líderes sul-americanos.
O presidente brasileiro repetiu o que vem dizendo a respeito da "esperança" que a eleição
de Obama despertou de uma
mudança em geral, mas também especificamente nas relações com a América Latina.
Mas Lula não deixou de reclamar do que considerou "baixa prioridade" dedicada pela 5ª
Cúpula das Américas à crise
econômica. Citou o fato de que
o documento final joga para
2010 uma reunião para discutir
os efeitos da crise sobre a pobreza na região. "Em 2010 talvez não haja mais nem crise
nem pobres", ironizou Amorim, ao fazer um relato aos jornalistas da reunião.
Não só na reunião da Unasul
com Obama mas nas sessões
plenárias do sábado, boa parte
dos governantes referiu-se à
crise econômica global.
O próprio Obama, aliás, relatou as medidas tomadas pelo
seu governo para limpar o sistema bancário dos chamados
"ativos tóxicos" e para comentar favoravelmente as propostas de regulação do sistema financeiro aprovadas na cúpula
do G20 de Londres, há 15 dias.
Fez questão de ressaltar, no encontro com a Unasul, que Brasil
e Argentina, também membros
do G20, estiveram alinhados
com os EUA nesse tema.
(CLÓVIS ROSSI)
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