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Havana vive otimismo cauteloso
Jornais "escondem" chamado de Obama a "novo começo", mas TV transmitiu trecho de discurso do americano
Liberação de viagens anima
de pequenos empresários a
fornecedores; dissidentes
e críticos põem em dúvida
intenção do governo da ilha
DA REDAÇÃO
A imprensa oficial cubana
parece disposta a divulgar a
conta-gotas na ilha o balé de
declarações conciliatórias que
Havana vem trocando com o
governo de Barack Obama. Se
na edição de ontem dos jornais
oficiais o chamado de Obama
ao "novo começo" das relações
aparece sem destaque, o noticiário da TV do meio-dia transmitiu as palavras do americano
convocando ao diálogo em Trinidad e Tobago.
Os dissidentes-mais e menos moderados- e analistas
críticos do regime mostram
desconfiança quanto à declaração de Raúl Castro de que quer
conversar sobre "tudo", inclusive direitos humanos e prisioneiros políticos, com Obama.
Lembram que Havana mostra
disposição para conversar com
a União Europeia sobre os temas, mas dá poucos passos concretos -exigidos pelos EUA para seguir a aproximação.
Já intelectuais pró-regime,
como o sociólogo argentino
Atílio Borón, seguem criticando os EUA por exigirem ajustes
de Havana, repetindo o modelo
de interferência que consideram fracassado. Fidel Castro, o
ex-ditador convalescente bastante ativo nos últimos dias,
não havia se pronunciado até o
fechamento desta edição.
Nas ruas, a agência de notícias France Presse registra otimismo cauteloso: "O que queria é que se sentassem ao menos a dialogar. Obama já fez
bastante", disse o aposentado
Ovidio Fernández, 80.
Expectativas
Já o efeito do fim das restrições de viagens por Obama
aparece nas declarações de pequenos empresários, fornecedores do governo e até funcionários públicos -está mesmo
nos escritos Fidel Castro, um
pouco a contragosto. Todos esperam que o fluxo de visitantes
e de dólares aliviem a crise de
caixa da administração cubana.
Um economista do Partido
Comunista diz que as relações
com os EUA e os esforços do
presidente Raúl Castro para
melhorar a eficiência econômica parecem estar indo na direção correta e que o resultado
pode ser maior liberdade econômica. "A situação econômica
está se deteriorando, e não há
muito tempo para melhorá-la."
Quanto à possibilidade aberta por Obama de que empresas
de telecomunicações negociem
com Havana, empresários com
experiência na ilha dizem que o
governo deve recebê-las, negociar o que lhes convier, e bloquear ou adiar pontos que lhe
parecerem incômodos.
Com France Presse e "Financial Times"
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