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Eleição sul-africana coroa ciclo turbulento
Pela primeira vez desde o fim da segregação racial, liderança histórica dos negros se divide em dois partidos diferentes
Países vizinhos seguem com atenção disputa eleitoral
na potência econômica e militar que dita os rumos
de boa parte do continente
DO ENVIADO ESPECIAL A JOHANESBURGO
A eleição sul-africana da próxima quarta-feira coroa quatro
anos de turbulência no país. O
monolito político que era o
Congresso Nacional Africano
(CNA), partido que liderou a luta contra o apartheid e que capturou o poder desde o fim do
regime, espatifou-se em uma
ácida disputa entre o ex-presidente Thabo Mbeki e o virtual
futuro presidente, Jacob Zuma.
"Superpotência" econômica
e militar africana, a África do
Sul dita os rumos do continente, e por isso a eleição vem sendo acompanhada de perto pelos países vizinhos.
A guerra entre Mbeki e Zuma, vencido por este, teve um
componente pessoal, de dois
homens que passaram as três
últimas décadas rivalizando à
sombra do ícone Nelson Mandela, primeiro presidente pós-apartheid.
No ano passado, após Mbeki
ser alijado por Zuma primeiro
da liderança do partido e depois
da Presidência, parte de seus
aliados promoveu o primeiro
racha sério desde os anos 60 no
quase centenário CNA.
Bispo
Formaram o Cope (Congresso do Povo), que lançou o bispo
metodista Mvume Dandala como candidato presidencial. Pela primeira vez, o CNA não pode mais se caracterizar como o
partido dos negros contra uma
oposição saudosista da discriminação racial.
Não apenas Dandala é negro,
mas seu partido é formado por
pessoas com impecáveis credenciais antiapartheid.
"Esta eleição é tão importante quanto a de 1994 [que encerrou o apartheid]. É uma segunda transição política", afirma
Justin Sylvester, analista do
Instituto para a Democracia na
África do Sul. A comparação
pode ser exagerada, mas essa é
uma eleição como nenhuma
outra na história sul-africana.
Mandela, hoje com 90 anos,
apoia Zuma, e é esperado hoje
num comício do candidato em
Johanesburgo.
(FÁBIO ZANINI)
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