São Paulo, terça-feira, 19 de abril de 2011

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UE admite enviar tropas a cidade líbia

ONU recebeu carta em que europeus oferecem mandar soldados para ajudar missão humanitária em Misrata

Órgão teria respondido que prefere esgotar as alternativas, mas a situação dos civis na cidade sitiada é grave

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

A União Europeia (UE) anunciou ontem ter enviado uma carta à ONU oferecendo mandar tropas terrestres a Misrata, na Líbia, para assegurar o encaminhamento de ajuda humanitária à cidade sitiada há sete semanas pelas tropas governistas.
É a primeira vez que autoridades oficiais mencionam abertamente a possibilidade de enviar militares estrangeiros em solo líbio.
A decisão, se implementada, abriria um precedente controverso, já que a resolução 1973 da ONU adotada sob pretexto de proteger os civis da Líbia permitia apenas ataques aéreos contra alvos do ditador Muammar Gaddafi e descartava soldados em solo.
"Não se trata de um plano de ação, é apenas o passo seguinte. E só abordaremos detalhes caso e se houver pedido da ONU", disse ontem a chefe da diplomacia da UE, Catherine Ashton, ao anunciar consenso entre os 27 países-membros sobre o tema.
Segundo Ashton, a carta com a oferta foi enviada ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, no último dia 8.
Fontes da UE disseram que a chefe da ONU para temas humanitários, Valerie Amos, respondeu afirmando que preferia esgotar as opções civis e que qualquer envolvimento militar em solo poderia ser contraproducente.
Qualquer apoio de tropas à missão humanitária envolveria centenas de soldados e poderia desencadear combates diretos entre militares europeus e líbios.
Amos deixou claro ontem que avalia como cada vez mais grave a situação em Misrata, cidade líbia onde há maior risco de catástrofe humanitária e onde combates já deixaram mil mortos, segundo médicos locais.
A representante da ONU passou os últimos dias negociando com o governo líbio a possibilidade de entrega de alimentos e remédios aos moradores da cidade.
Em Trípoli, Amos obteve a promessa de que Gaddafi aceitaria uma missão da ONU em Misrata, mas sem garantias de que os ataques serão suspensos para permitir a chegada da ajuda.
Porta-voz de Gaddafi afirmou que o acordo com a ONU supõe a entrega de alimentos e remédios a Misrata, além da criação de um corredor humanitário. Ele não mencionou o fim dos ataques.
Misrata continua cercada por tropas e blindados do regime, que, segundo relatos, disparam mísseis e morteiros de forma indiscriminada todos os dias.
Rebeldes aparentemente mantêm controle sobre a maior parte de Misrata, mas são submetidos diariamente a ofensivas governistas com armamento pesado.
Com os acessos à cidade tomados pelo Exército, a única saída para os moradores tem sido o porto, por onde navios vêm retirando nos últimos dias milhares de pessoas, principalmente feridos em estado grave e trabalhadores estrangeiros.
O regime líbio insiste em que não ataca civis e apenas se defende de grupos radicais manipulados por forças externas.


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