|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
China elogia acordo, mas defende punição
FABIANO MAISONNAVE
DE PEQUIM
Em ligação telefônica feita ao
colega Celso Amorim, o chanceler chinês, Yang Jiechi, elogiou o acordo com o Irã costurado pelo Brasil e pela Turquia.
Por outro lado, o país asiático
também defendeu que "ações
relevantes" do Conselho de Segurança da ONU ajudariam a
"salvaguardar o sistema internacional de não proliferação".
Segundo a agência de notícias oficial Xinhua, Yang conversou com seus pares brasileiro e turco, Ahmet Davutoglu.
Disse que o pacto selado na
véspera "ajudaria a avançar o
processo de resolução do tema
nuclear iraniano pelo diálogo e
negociações".
O chinês afirmou que seu
país sempre defendeu a estratégia de "mão dupla", que significa diplomacia tanto de negociações quanto de sanções.
Sempre de acordo com a Xinhua, Amorim e Davutoglu relataram os esforços de Brasil e
Turquia com relação ao impasse com o Irã.
As conversas ocorreram na
madrugada de hoje na China.
Em Nova York, o embaixador
chinês na ONU foi na mesma linha do chanceler do país.
"[A proposta de mais sanções
ao Irã] não significa que a porta
da diplomacia esteja fechada.
Acreditamos que o diálogo é a
melhor forma de lidar com a
questão", disse Zhang Yesui.
Sobre a iniciativa de Brasil e
Turquia de chegar a um acordo,
afirmou ser "um esforço diplomático bem-vindo".
"O pacto é um passo no caminho certo", completou Zhang.
Horas antes, o porta-voz da
Chancelaria Ma Zhaoxu também disse que a China espera
que o acordo contribua para
uma "solução pacífica", mas defendeu que a atuação do Conselho de Segurança ajudaria a
"manter a paz e a estabilidade
do Oriente Médio e a atingir
uma solução adequada ao tema
nuclear iraniano".
Principal parceiro comercial
do Irã, a China foi o último
membro permanente do Conselho de Segurança da ONU a
aceitar a necessidade de discutir novas sanções.
O Irã é um dos principais fornecedores de petróleo para a
China. No ano passado, quando
o comércio bilateral chegou a
US$ 36,5 bilhões, ao menos 11%
das importações do produto
vieram desse país, que compra
bens de consumo e maquinaria
do gigante asiático.
Apesar da relação econômica
intensa, a China vinha dando
sinais de que estava se aproximando da posição americana.
O maior deles veio no mês passado, quando seu dirigente máximo, Hu Jintao, participou em
Washington da cúpula sobre
segurança nuclear.
O apoio chinês à posição dos
EUA no Conselho de Segurança vem dias antes de um importante encontro dos dois países
para discutir estratégias econômicas, na semana que vem.
As reuniões ocorrerão em
Pequim com a presença da secretária de Estado, Hillary
Clinton, e do secretário do Tesouro, Timothy Geithner.
Colaborou CRISTINA FIBE, de Nova York
Texto Anterior: Potências selam acordo sobre novas sanções ao Irã Próximo Texto: Para Amorim, EUA se precipitam ao insistir em sanções após trato Índice
|