São Paulo, quarta-feira, 19 de maio de 2010

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China elogia acordo, mas defende punição

FABIANO MAISONNAVE
DE PEQUIM

Em ligação telefônica feita ao colega Celso Amorim, o chanceler chinês, Yang Jiechi, elogiou o acordo com o Irã costurado pelo Brasil e pela Turquia. Por outro lado, o país asiático também defendeu que "ações relevantes" do Conselho de Segurança da ONU ajudariam a "salvaguardar o sistema internacional de não proliferação".
Segundo a agência de notícias oficial Xinhua, Yang conversou com seus pares brasileiro e turco, Ahmet Davutoglu. Disse que o pacto selado na véspera "ajudaria a avançar o processo de resolução do tema nuclear iraniano pelo diálogo e negociações".
O chinês afirmou que seu país sempre defendeu a estratégia de "mão dupla", que significa diplomacia tanto de negociações quanto de sanções. Sempre de acordo com a Xinhua, Amorim e Davutoglu relataram os esforços de Brasil e Turquia com relação ao impasse com o Irã. As conversas ocorreram na madrugada de hoje na China.
Em Nova York, o embaixador chinês na ONU foi na mesma linha do chanceler do país. "[A proposta de mais sanções ao Irã] não significa que a porta da diplomacia esteja fechada. Acreditamos que o diálogo é a melhor forma de lidar com a questão", disse Zhang Yesui.
Sobre a iniciativa de Brasil e Turquia de chegar a um acordo, afirmou ser "um esforço diplomático bem-vindo". "O pacto é um passo no caminho certo", completou Zhang.
Horas antes, o porta-voz da Chancelaria Ma Zhaoxu também disse que a China espera que o acordo contribua para uma "solução pacífica", mas defendeu que a atuação do Conselho de Segurança ajudaria a "manter a paz e a estabilidade do Oriente Médio e a atingir uma solução adequada ao tema nuclear iraniano".
Principal parceiro comercial do Irã, a China foi o último membro permanente do Conselho de Segurança da ONU a aceitar a necessidade de discutir novas sanções.
O Irã é um dos principais fornecedores de petróleo para a China. No ano passado, quando o comércio bilateral chegou a US$ 36,5 bilhões, ao menos 11% das importações do produto vieram desse país, que compra bens de consumo e maquinaria do gigante asiático.
Apesar da relação econômica intensa, a China vinha dando sinais de que estava se aproximando da posição americana. O maior deles veio no mês passado, quando seu dirigente máximo, Hu Jintao, participou em Washington da cúpula sobre segurança nuclear.
O apoio chinês à posição dos EUA no Conselho de Segurança vem dias antes de um importante encontro dos dois países para discutir estratégias econômicas, na semana que vem. As reuniões ocorrerão em Pequim com a presença da secretária de Estado, Hillary Clinton, e do secretário do Tesouro, Timothy Geithner.

Colaborou CRISTINA FIBE, de Nova York



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