|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Brasil quer agora integrar negociação
DO ENVIADO A MADRI
No esforço para dobrar
o ceticismo das potências
internacionais em relação
ao acordo Brasil-Irã-Turquia, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva reuniu-se ontem em Madri
com seu colega francês,
Nicolas Sarkozy, num encontro que a delegação
brasileira tratou como extremamente cordial.
Foi, de fato, na parte em
que Sarkozy agradeceu o
esforço brasileiro pela libertação da cidadã francesa Clotilde Reiss.
No que diz respeito ao
acordo de Teerã, limitou-se a dizer que a troca de
urânio é "um passo positivo". Mas logo acrescenta:
"Ele deve logicamente ser
acompanhado de uma paralisacão no enriquecimento a 20%".
Sarkozy acrescentou
que "o problema nuclear
iraniano vai muito além da
questão do reator de pesquisa de Teerã".
Ou seja, Sarkozy repetiu, agora diante de Lula,
as restrições que o Ocidente expusera na véspera
sobre o acordo.
Lula respondeu que o
acordo era só um "primeiro passo", e que as discussões posteriores permitiram esclarecer essas e outras eventuais dúvidas.
O companheiro de Lula
na negociação, o premiê
turco Recep Tayyp Erdogan, seguiu a mesma linha:
"Trata-se de um mapa do
caminho. Haverá paradas
na estrada, nas quais certas soluções serão incluídas", afirmou em entrevista coletiva à margem da
Cúpula União Europeia-América Latina-Caribe.
Quanto ao enriquecimento, coincidem Erdogan e, separadamente,
Marco Aurélio Garcia, assessor diplomático de Lula: o Tratado de Não Proliferação Nuclear permite o
enriquecimento de urânio, desde que seja para
fins pacíficos.
Se o acordo de Teerã é
de fato "o mapa do caminho", como diz o premiê
turco, Brasil e Turquia
querem caminhar junto
com o P5+1, grupo formado pelas cinco potências
do Conselho de Segurança
da ONU e a Alemanha.
O argumento de Marco
Aurélio é desafiador: "Nós
fizemos o que ele [o P5+1]
não fez". É uma alusão ao
fato de que o grupo não
conseguiu fechar com o
Irã o acordo em torno da
troca de material nuclear.
O assessor de Lula
acrescenta um fato: "Turquia e Brasil estão no Conselho de Segurança das
Nações Unidas; a Alemanha não está".
Texto Anterior: Reação negativa dos EUA preocupa Brasil Próximo Texto: Análise: EUA viram eixo de preocupações do governo Lula Índice
|