São Paulo, quarta-feira, 19 de junho de 2002

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ORIENTE MÉDIO

Suicida se explode em ônibus em Jerusalém; Israel fala em retaliação maciça e expulsão de líderes próximos a Arafat

Terror palestino mata 19; Israel ocupa Jenin

Reuters/France Presse
Agentes de segurança e equipes médicas examinam destroços de ônibus, enquanto Sharon (de gravata), observa os corpos das vítimas do atentado suicida próximo a Guilo, nos arredores de Jerusalém


DA REDAÇÃO

Um terrorista suicida palestino explodiu bombas presas ao seu corpo, matando 19 israelenses e ferindo 50 -cinco em estado grave- em ônibus lotado que seguia do assentamento judaico de Guilo, subúrbio de Jerusalém Oriental, para a rodoviária da cidade.
Foi o pior atentado na cidade desde 1996, quando explosão em ônibus matou 26 pessoas.
O governo de Israel decidiu que lançará uma retaliação militar de envergadura, ocupando partes dos territórios palestinos enquanto houver terror, de acordo com comunicado divulgado na madrugada de hoje em Israel (noite de ontem no Brasil). Ontem, a cidade de Jenin (Cisjordânia) e o campo de refugiados de mesmo nome haviam sido reocupados pelo Exército israelense.
A ação, porém, não deve ter a dimensão da operação "Muro Protetor", que aconteceu entre março e maio na Cisjordânia, deixando centenas de mortos.
A rádio disse que lideranças palestinas próximas ao presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Iasser Arafat, podem ser expulsas dos territórios. Mas, por enquanto, está descartada a expulsão de Arafat, defendida por membros do governo.
O atentado, reivindicado pelo grupo extremista islâmico Hamas, aconteceu às 8h, no horário de rush. Vários passageiros do ônibus, que ficou totalmente destruído, eram alunos de uma escola a poucos metros da explosão.
Israel culpou a ANP pelo ataque, por não combater os grupos extremistas. A ANP condenou o atentado e rejeitou as acusações israelenses, dizendo que é a ocupação que alimenta o terrorismo.
Integrantes mais radicais do governo de Israel, como o ministro do Interior, Eli Yishai, defenderam o retorno das forças israelenses de forma permanente para as áreas urbanas sob controle da ANP, ao menos até que acabe a construção de um muro em torno da Cisjordânia, iniciada domingo.
O premiê de Israel, Ariel Sharon, que visitou pela primeira vez o local do atentado logo após ele ocorrer, declarou: "As horríveis imagens que estamos vendo aqui, causadas pelos atos assassinos dos palestinos, são mais fortes do que qualquer palavra. É interessante [imaginar" que tipo de Estado palestino eles pretendem criar. Do que eles estão falando? Essa coisa terrível é a continuação do terror palestino que enfrentamos", disse Sharon, num recado ao presidente dos EUA, George W. Bush, que está para anunciar uma iniciativa de paz que contemplaria um Estado palestino provisório (leia texto ao lado).
A Casa Branca divulgou comunicado afirmando que Bush "condena o atentado da maneira mais dura possível". A ação também foi condenada energicamente pela comunidade internacional. O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, afirmou que nenhuma "causa justifica tirar a vida de inocentes". O chefe da diplomacia da União Européia, Javier Solana, disse estar aterrorizado com o nível da violência.
A polícia israelense estava em alerta máximo desde anteontem, após obter informações de que terroristas suicidas haviam sido enviados para cometer atentados em Jerusalém e Haifa (norte).
"As pessoas voaram pelos ares e havia sangue por toda a parte. Agora estou com medo de entrar em um ônibus para ir à escola", disse o estudante Yakir Barashi, 14, testemunha do ataque.
"Os corpos ficaram acumulados na porta do ônibus, a cena era horrível", afirmou Shalom Sabag, que dirigia um carro no momento em que aconteceu o ataque.
Ao menos 1.403 palestinos e 530 israelenses morreram desde o início da Intifada, a revolta palestina contra a ocupação israelense, em setembro de 2000.

Com agências internacionais


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