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ANÁLISE
Extremistas preenchem vácuo em territórios
PAULO DANIEL FARAH
DA REDAÇÃO
Grupos extremistas como o Hamas e o Jihad Islâmico vêm preenchendo o vácuo deixado pela Autoridade Nacional Palestina, cujas
instituições foram em boa parte
destruídas durante as operações
militares israelenses em cidades e
campos de refugiados palestinos.
"Movimentos islâmicos, sobretudo o Hamas [o Movimento da
Resistência Islâmica, que reivindicou o atentado de ontem", estão
preenchendo o vácuo deixado pela ANP por causa da ofensiva israelense nos territórios palestinos
e, em menor escala, devido à perda de popularidade de Iasser Arafat", disse à Folha, por telefone, o
cientista político Abu Hamad.
Apesar da Intifada (levante palestino), Arafat não conseguiu pôr
fim à ocupação israelense -pelo
contrário, ela é cada vez mais evidente-, o número de mortos e
feridos cresce nos dois lados e as
acusações contra a administração
palestina, de corrupção e de violações aos direitos humanos, se
multiplicam. Isso contribui para
fragilizar a ANP e, ao mesmo tempo, ampliar o combate, por parte
de grupos que enfocam o conflito
sob o prisma religioso, à ocupação israelense e ao caráter secular
da Organização para a Libertação
da Palestina de Arafat.
Segundo a agência de notícias
Associated Press, já houve ao menos 70 ataques suicidas desde o
início da Intifada, em 2000. Analistas concordam que, quanto
mais inoperantes os órgãos da
ANP, mais fácil a ação dos que legitimam o uso da violência.
A radicalização de um lado fornece subsídios à do outro. "Enquanto Ariel Sharon endurece
ainda mais sua oposição a um Estado palestino dentro dos territórios ocupados, a radicalização só
tende a aumentar", argumenta
Abu Hamad, em Ramallah.
Para ele, falta um horizonte político que reabilite a idéia de uma
coexistência pacífica. O premiê
Sharon descarta um retorno às
fronteiras de 1967 e debates em
torno dos assentamentos (que
continuam em expansão), descrevendo cronogramas para um processo de paz como um "erro".
"A última operação [o atentado
ontem" permite que Sharon prossiga seu plano de isolar Arafat e
reforça a ambição de cercá-lo e
exilá-lo", acredita Ali al Jarbaui,
professor de política na Universidade Bir Zeit (Cisjordânia). A expulsão, no entanto, teria consequências trágicas, com um cenário de caos nas áreas palestinas.
Uma opção mais consensual seria a tão propalada realização de
eleições e uma mediação internacional mais equilibrada.
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