São Paulo, sábado, 19 de junho de 2004

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GUERRA SEM LIMITES

Bush diz que EUA não ficarão "intimidados"; extremistas afirmam que "ato é para remediar fiéis"

Al Qaeda cumpre ameaça e degola americano

DA REDAÇÃO

Integrantes de um grupo ligado à rede terrorista Al Qaeda decapitaram ontem na Arábia Saudita o americano Paul Marshall Johnson Jr. Os extremistas o haviam seqüestrado no último sábado e exigiam a libertação de presos para poupar sua vida.
Fotos do corpo decapitado de Johnson, 49, com uma roupa laranja -a mesma cor dos uniformes dos prisioneiros mantidos pelos EUA em Guantánamo- foram exibidas em sites.
A degola já foi usada por terroristas ligados à Al Qaeda contra pelo menos dois outros americanos: o jornalista Daniel Pearl, morto no Paquistão em 2002, e Nicholas Berg, assassinado no Iraque em maio. O corpo de Johnson foi encontrado pelas forças de segurança sauditas em uma área rural a 40 km da capital, Riad.
De acordo com autoridades, três supostos extremistas ligados ao crime foram assassinados durante confronto com a polícia no centro de Riad. Eles seriam Abdulaziz al Muqrin, o líder da Al Qaeda no país, e dois outros importantes membros da organização.
"O assassinato de Paul mostra a natureza malévola de nosso inimigo. Essas pessoas são selvagens e o mataram a sangue frio. Isso deve nos lembrar que precisamos perseguir essas pessoas e submetê-las à Justiça antes que machuquem mais americanos. Eles estão tentando nos fazer recuar do mundo. A América não vai ser intimidada por esses criminosos extremistas. Deus abençoe Paul Johnson", disse o presidente americano, George W. Bush.
"Fizemos tudo o que podíamos para encontrá-lo. Lamentamos profundamente que não tenha sido o suficiente", disse em Washington Adel al Jubeir, assessor para relações exteriores do príncipe regente saudita, Abdullah.
O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, classificou a decapitação de "um ato de barbarismo". O vice-presidente dos EUA, Dick Cheney, afirmou que os terroristas "não têm vergonha, nem um átomo de decência ou compaixão" e prometeu que os EUA "caçarão os assassinos, um a um, e os destruirão". Na cidade natal de Johnson, Little Egg Harbor (Nova Jersey), parentes e amigos, que haviam feito vigílias e manifestações pedindo sua libertação, reagiram com tristeza e revolta.

Pressão sobre estrangeiros
Johnson foi o terceiro americano morto em Riad nos últimos dez dias. O país vem há mais de um ano sofrendo diversos atentados. A onda de ataques -que aumentou nas últimas seis semanas, em resposta ao fechamento de cerco promovido pelo governo- coloca mais pressão sobre os estrangeiros, vitais para a economia do maior exportador de petróleo do mundo, e sobre a família real saudita. O líder da Al Qaeda, o saudita Osama bin Laden, jurou derrubar a família real devido à sua aliança com os EUA.
Engenheiro, Johnson era funcionário da indústria aeronáutica Lockheed Martin e havia mais de uma década trabalhava na Arábia Saudita. Ele fazia manutenção de sistemas de alvo e visão noturna empregados nos helicópteros militares de ataque Apache.
Em comunicado, a Al Qaeda disse que Johnson foi morto por causa "do que os muçulmanos sofreram com os aviões [sic] americanos Apache e seus foguetes". "Esse ato é para remediar os corações dos fiéis na Palestina, no Afeganistão, no Iraque e na península Arábica. Continuaremos a combater os inimigos de Deus. Esse ato é uma vingança contra eles e será uma lição", diz a nota.
"Infelizmente, nossa avaliação é que há uma boa probabilidade de os ataques continuarem", disse à CNN Carol Kalin, porta-voz da Embaixada dos EUA em Riad.


Com agências internacionais


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