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Acusações de fraude cercam eleição mexicana
Compra de votos e uso de verba pública em campanha estão entre as suspeitas
Segundo promotoria, foram recebidas ao menos 250 reclamações; o presidente Vicente Fox é acusado de interferir na campanha
DA ASSOCIATED PRESS
Felicia González afirmou que
estava indecisa nas últimas
eleições presidenciais até que
funcionários de campanha bateram à sua porta e lhe ofereceram US$ 200 (cerca de R$ 450)
em dinheiro e uma cesta com
arroz, feijão, óleo de cozinha e
açúcar. O valor é maior do que o
que a faxineira de 35 anos ganha em um mês, o que fez com
que, de repente, a sua decisão
se tornasse mais fácil.
"Eu pensei "por que não?
Quem mais vai me oferecer todo esse dinheiro?'", disse ela.
Esse é o tipo de fraude eleitoral de campanha que autoridades do governo prometeram
eliminar do corrupto sistema
político do México. Mas, a duas
semanas da eleição presidencial, há quem diga que ainda há
muita sujeira no sistema.
A promotora pública para
crimes eleitorais, Maria de Los
Angeles Fromow, disse ter recebido pelo menos 250 reclamações, incluindo uma acusação de desvio de fundos do governo para campanhas.
O presidente mexicano, Vincente Fox, foi amplamente criticado por interferir na campanha de seu partido, o PAN (Partido de Ação Nacional), que
apresentou como candidato
Felipe Calderón.
Ele atacou publicamente diversas vezes o candidato esquerdista de oposição Andrés
Manuel López Obrador (do
Partido da Revolução Democrática, PRD) e gastou verbas
de impostos em publicidade
promovendo o seu governo.
"O que Fox está fazendo pode
não ser ilegal, mas certamente
é imoral", disse o analista político Sergio Aguayo.
A pressão pela reforma se intensificou em 1988, quando o
PRI (Partido Revolucionário
Institucional), que governou o
México por 71 anos, foi acusado
de roubar a Presidência. A apuração eletrônica foi interrompida quando o candidato da
oposição estava à frente e,
quando o sistema voltou a funcionar, o PRI estava ganhando.
Desde então, leis foram criadas para afastar o governo do
comando das eleições, tornando-as democráticas o suficiente
para, em 2000, os eleitores rejeitarem o PRI e elegerem Fox.
Mas González, a faxineira, disse
que membros do PAN compraram o seu voto em 2000.
Neste ano, membros do PRD,
de López Obrador, foram filmados recebendo malas de dinheiro. Eles negaram ter aceitado suborno, argumentando
que os "presentes" eram contribuições de campanha.
O partido também foi acusado por oposicionistas de usar
dinheiro público como isca de
votos na Cidade do México, onde López Obrador era prefeito.
Já correligionários de Fox foram acusados de trocar ajuda
federal por apoio político.
O grupo independente Aliança Cívica afirmou que cerca de
4 milhões de pessoas receberam benefícios de governantes
de três principais partidos e
agora tornam-se alvo de pressão -votos que poderiam fazer
a diferença em uma eleição de
disputa apertada.
Segundo Dan Lund, presidente do instituto de pesquisa
mexicano Mund Americas, algumas empresas estão pressionando seus trabalhadores a votarem nos candidatos por elas
escolhidos. O presidente da
Coppel (rede de móveis e vestuário), Enrique Coppel, escreveu uma carta para seus 30 mil
empregados detalhando as razões pelas quais eles deveriam
votar em Calderón.
Apesar de tantas manobras,
porém, há indicativos de que os
eleitores estão começando a resistir a pressões externas. Lund
disse que uma pesquisa feita na
eleição de 2000 mostrou que
muitas pessoas aceitaram favores do PRI e expressaram seu
apoio ao partido, mas depois
votaram em Fox.
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