São Paulo, terça-feira, 19 de junho de 2007

Próximo Texto | Índice

Ocidente desbloqueia fundos palestinos

Americanos e União Européia prestigiam Abbas e o Fatah, derrotados pelo Hamas; Israel volta a exportar óleo a Gaza

Presidente palestino recebe ligações de Rice e Bush; UE se reúne em Luxemburgo e reabre fluxo de dinheiro aos habitantes dos territórios

DA REDAÇÃO

Os Estados Unidos oficializaram ontem a suspensão do embargo político e econômico contra a Autoridade Nacional Palestina. A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, telefonou ao presidente palestino, Mahmoud Abbas, e disse a ele que Washington "retomaria os programas de auxílio".
Pouco antes, Abbas havia conversado, também por telefone, com George W. Bush. Disse a ele que estava disposto a reiniciar as negociações de paz com Israel, no que foi encorajado pelo presidente americano. Bush recebe hoje, na Casa Branca, o primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert.
Paralelamente, em Luxemburgo, os ministros do Exterior dos 27 países da União Européia apoiaram formalmente Abbas, reconheceram o independente Salam Fayyad, empossado domingo, como o único premiê palestino e, a exemplo dos Estados Unidos, mostraram-se dispostos a retomar a ajuda financeira.
Esse conjunto de reações amistosas já vinha se esboçando durante o fim de semana e era esperado desde quinta-feira, quando, derrotados militarmente na faixa de Gaza pelo grupo islâmico Hamas, Abbas e seu partido, o Fatah, passaram a ter poder só na Cisjordânia.

Quantificação imprecisa
Não há estimativas precisas sobre a ajuda até agora embargada -os EUA haviam congelado suas relações com o Fatah, em razão do governo de coalizão formado com o Hamas.
Mas ontem a secretária de Estado citou os US$ 86 milhões que a Casa Branca pediu ao Congresso para as forças de segurança de Abbas e que poderão ser gastos em outros programas. Há também uma ajuda adicional de US$ 40 milhões a ser distribuída pelas agências da ONU e que não excluirão os palestinos de Gaza. "Eles não serão abandonados por nós", disse Condoleezza Rice.
Os europeus, que haviam apenas diminuído o volume do auxílio depois que o Hamas se tornou em 2006 majoritário no Parlamento palestino, não definiram ainda novas cifras. Benita Ferrero-Waldner, comissária européia encarregada da questão, disse que discutiria o assunto com o premiê Fayyad.
Em 2005 a ajuda anual européia foi de US$ 670 milhões.
A UE continuará a agir por meio da ONU e evitará a entrega de dinheiro à burocracia palestina em Gaza, agora controlada pelo Hamas. Mas não tem nisso uma meta rígida, como ocorre com os Estados Unidos. A Rússia não acredita que o isolamento do grupo islâmico seja a política mais correta, disse ontem em Moscou o chanceler Serguei Lavrov.
Ao mesmo tempo, os ministros do Exterior da UE fizeram um apelo a Tzipi Livni, chefe da diplomacia israelense que estava ontem em Luxemburgo, para que desembargasse os US$ 800 milhões retidos por Jerusalém em repasses fiscais. Trata-se da parcela palestina sobre o imposto de valor agregado, incidente sobre produtos e serviços que os palestinos consomem em Israel.
A chanceler israelense reiterou que seu país tem interesse em fortalecer os palestinos moderados e que se encontraria com os responsáveis locais para discutir as modalidades técnicas da transferência.

Combustível israelense
A empresa petrolífera israelense Dor Alon anunciou ontem que retomou o fornecimento de gasolina para Gaza, onde no domingo as filas nos postos geraram pânico na população, que acreditava estar diante de um "colapso humanitário", no qual faltariam até alimentos e eletricidade.
Israel havia afirmado não ter determinado esse corte de fornecimento.
Ruth Sheetrit, porta-voz da companhia, disse que as entregas ontem feitas tiveram a intermediação de militares israelenses. Em Gaza, Ismail Mahfouz, integrante do Hamas e funcionário do Ministério das Finanças palestino, disse que "a questão está resolvida".
A Dor Alon fatura em Gaza anualmente US$ 120 milhões. Seu volume total de negócios é de US$ 2 bilhões.
Analistas acreditam que o governo israelense tenha pressionado a empresa para não assumir a responsabilidade por uma crise que, em última instância, fortaleceria politicamente o Hamas.


Com agências internacionais


Próximo Texto: Frases
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.