São Paulo, sexta-feira, 19 de junho de 2009

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Mousavi tem história dentro do sistema

DA REPORTAGEM LOCAL

No intervalo de alguns meses, Mir Hossein Mousavi saiu do ostracismo para voltar ao cenário político e tornar-se um personagem central da geopolítica do Oriente Médio. Mas o homem discreto por trás do levante que estremece as bases da teocracia iraniana está longe de ser um liberal modernista no sentido ocidental.
Mousavi, 67, tem o perfil típico do establishment político e religioso do Irã. Filho de um comerciante, ele foi um dos mais próximos assessores do aiatolá Ruhollah Khomeini (1902-1989), fundador da República Islâmica, e sempre pregou lealdade aos princípios da Revolução Islâmica.
Mousavi ostenta até hoje as credenciais de revolucionário que ajudou a derrubar o pró-americano xá Reza Pahlevi como antídoto às acusações de que serve aos interesses dos EUA.
Homem de confiança dos altos clérigos, Mousavi virou premiê em 1981, em plena guerra contra as tropas invasoras do iraquiano Saddam Hussein. Foi nesse contexto que ele alavancou o programa nuclear iraniano, do qual é um dos mais ardentes defensores.
Na questão atômica, a única diferença em relação a Mahmoud Ahmadinejad é a defesa de uma posição menos confrontativa com as potências.
O cargo de premiê foi extinto em 1989, depois que Mousavi deixou o governo para se dedicar à vida de artista plástico.
Os mais velhos lembram de um gestor conservador e competente, que evitou o colapso da economia em tempos de guerra. Mas boa parte dos jovens só o descobriu em março, quando ele entrou na corrida presidencial pelo campo reformista, com a promessa de reverter a má gestão de Ahmadinejad e restaurar a imagem externa do Irã.
Para os céticos, Mousavi é um herói por acaso.


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