São Paulo, sábado, 19 de junho de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Caracas pede à Interpol prisão de crítico

Presidente de TV opositora Globovisión é acusado de formação de quadrilha por suposta ocultação de veículos

Guillermo Zuloaga e seu filho estão foragidos no exterior, num lugar não revelado, e dizem sofrer perseguições políticas


DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

A Venezuela pediu ontem à Interpol (polícia internacional) que emita um mandado de prisão contra o presidente da emissora Globovisión, de orientação crítica ao governo Hugo Chávez, e o filho dele.
Guillermo Zuloaga está foragido desde o último dia 11, quando a Justiça venezuelana emitiu uma ordem de prisão contra o empresário e o filho dele por "usura genérica" e formação de quadrilha.
Nesta semana, auxiliares do presidente da Globovisión afirmaram que ele se encontra fora do país, em lugar não revelado, e o próprio Zuloaga disse que não se entregará à Justiça, a qual afirma ser instrumentalizada por Caracas.
"Vamos fazer cumprir as leis e a Constituição", disse o ministro do Interior, Tarek El Aissami, ao anunciar o pedido de prisão feito à Interpol.
"A investigação avança. O tempo dos intocáveis que cometiam crimes em detrimento dos interesses nacionais ficou no passado", disse o ministro, que chamou Zuloaga e filho de "fugitivos e covardes que não dão as caras".
Zuloaga, 67, já havia sido detido e interrogado por algumas horas no final de março após "vilipendiar" o presidente venezuelano num encontro da SIP (Sociedade Interamericana de Imprensa).
A ordem de prisão emitida no último dia 11 refere-se a processo aberto no ano passado após operação da polícia em que foram apreendidos 24 veículos na casa de Zuloaga, que foi acusado de "ocultar" os veículos com intuito de fazer especulação.
Zuloaga afirma estar sendo perseguido pelo governo por motivações políticas.
Chávez nega qualquer interferência na Justiça e garante que o mandado de detenção não partiu do seu governo, mas uma semana antes havia feito críticas a Zuloaga numa cadeia obrigatória de rádio e TV.
Nesta semana, o governo interveio no Banco Federal, cujo presidente, Nelson Mezerhane, é um dos maiores acionistas da Globovisión e também está no exterior, e ameaçou reter suas ações.

GOLPE FRUSTRADO
Atualmente, a Globovisión é a única emissora do país que preserva orientação acidamente crítica a Chávez.
O atrito entre o empresário e governo venezuelano remete a 2002, quando a Globovisión apoiou o golpe frustrado contra o mandatário.
No ano passado, chavistas atiraram bombas de gás lacrimogêneo na sede da Globovisión, porém o ataque foi condenado pelo presidente venezuelano. E neste ano o diretor-geral da emissora deixou o seu cargo dizendo ter sofrido pressão de Caracas.
O governo já abriu ao menos seis investigações contra a TV desde o ano passado.


Texto Anterior: Faixa de Gaza: Abbas pede a EUA que pressionem por fim de bloqueio
Próximo Texto: Chanceler argentino renuncia e causa crise
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.