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Caracas pede à Interpol prisão de crítico
Presidente de TV opositora Globovisión é acusado de formação de quadrilha por suposta ocultação de veículos
Guillermo Zuloaga e seu filho estão foragidos no exterior, num lugar não revelado, e dizem sofrer perseguições políticas
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
A Venezuela pediu ontem
à Interpol (polícia internacional) que emita um mandado
de prisão contra o presidente
da emissora Globovisión, de
orientação crítica ao governo
Hugo Chávez, e o filho dele.
Guillermo Zuloaga está foragido desde o último dia 11,
quando a Justiça venezuelana emitiu uma ordem de prisão contra o empresário e o
filho dele por "usura genérica" e formação de quadrilha.
Nesta semana, auxiliares
do presidente da Globovisión
afirmaram que ele se encontra fora do país, em lugar não
revelado, e o próprio Zuloaga
disse que não se entregará à
Justiça, a qual afirma ser instrumentalizada por Caracas.
"Vamos fazer cumprir as
leis e a Constituição", disse o
ministro do Interior, Tarek El
Aissami, ao anunciar o pedido de prisão feito à Interpol.
"A investigação avança. O
tempo dos intocáveis que cometiam crimes em detrimento dos interesses nacionais ficou no passado", disse o ministro, que chamou Zuloaga
e filho de "fugitivos e covardes que não dão as caras".
Zuloaga, 67, já havia sido
detido e interrogado por algumas horas no final de março após "vilipendiar" o presidente venezuelano num encontro da SIP (Sociedade Interamericana de Imprensa).
A ordem de prisão emitida
no último dia 11 refere-se a
processo aberto no ano passado após operação da polícia em que foram apreendidos 24 veículos na casa de
Zuloaga, que foi acusado de
"ocultar" os veículos com intuito de fazer especulação.
Zuloaga afirma estar sendo perseguido pelo governo
por motivações políticas.
Chávez nega qualquer interferência na Justiça e garante que o mandado de detenção não partiu do seu governo, mas uma semana antes havia feito críticas a Zuloaga numa cadeia obrigatória de rádio e TV.
Nesta semana, o governo
interveio no Banco Federal,
cujo presidente, Nelson Mezerhane, é um dos maiores
acionistas da Globovisión e
também está no exterior, e
ameaçou reter suas ações.
GOLPE FRUSTRADO
Atualmente, a Globovisión
é a única emissora do país
que preserva orientação acidamente crítica a Chávez.
O atrito entre o empresário
e governo venezuelano remete a 2002, quando a Globovisión apoiou o golpe frustrado contra o mandatário.
No ano passado, chavistas
atiraram bombas de gás lacrimogêneo na sede da Globovisión, porém o ataque foi
condenado pelo presidente
venezuelano. E neste ano o
diretor-geral da emissora deixou o seu cargo dizendo ter
sofrido pressão de Caracas.
O governo já abriu ao menos seis investigações contra
a TV desde o ano passado.
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