São Paulo, segunda-feira, 19 de julho de 2004

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IRAQUE SOB TUTELA

Alvo seriam guerrilheiros ligados a Zarqawi; segundo Washington, governo interino autorizou ação

Ataque americano mata 12 em Fallujah

DA REDAÇÃO

Um ataque aéreo dos EUA lançado ontem contra supostos guerrilheiros leais a Abu Musab Zarqawi [suposto líder da Al Qaeda no Iraque] matou pelo menos 12 pessoas na cidade de Fallujah. De acordo com alguns relatos, os mortos passam de 14.
Segundo o médico Ahmed Ghanem, um dos que prestaram atendimento no local, havia mulheres e crianças entre as vítimas.
Um comunicado divulgado pelas Forças Armadas dos EUA afirma que o governo interino do Iraque autorizou um "ataque contra uma conhecida posição terrorista de combate no sul de Fallujah".
"A questão é que não realizamos o ataque sozinhos", disse o vice-secretário de Estado, Richard Armitage, em um conferência de imprensa conjunta com o chanceler iraquiano, Hoshiyar Zebari.
Armitage -que é a autoridade mais graduada dos EUA a visitar o país desde a passagem de poder ao governo interino, no fim de junho- afirmou ter discutido com o premiê interino, Iyad Allawi, o problema da segurança no país.
Uma questão-chave durante a passagem de poder foi justamente qual a posição que tomaria o novo governo com relação a ataques como o de ontem.
Várias vezes ao longo dos últimos meses, militares dos EUA lançaram ataques aéreos contra alvos em Fallujah, que, segundo os EUA, seriam casas que abrigavam militantes leais ao jordaniano Zarqawi. O terrorista é suspeito de planejar uma série de ataques no Iraque.
O Exército dos EUA anunciou ter detido, na sexta-feira, um ex-general da Guarda Republicana, a força de elite de Saddam Hussein, em Tikrit. Sufian Maher Hasan é "suspeito de haver preparado e financiado ataques contra o povo iraquiano, as forças de segurança iraquianas e a coalizão". Também em Tikrit, dois policiais morreram e nove ficaram feridos quando dois carros-bomba explodiram quase simultaneamente.
A cidade de Tikrit se situa no centro do Triângulo Sunita, região em que se concentram os atos de uma insurgência constituída por partidários de Saddam e extremistas islâmicos.
O governo interino do Iraque permitiu a reabertura do jornal semanal "Al Hawza", porta-voz do clérigo radical xiita Moqtada al Sadr. O "Al Hawza" havia sido proibido de circular por decisão de Paul Bremer, ex-chefe da Autoridade Provisória da Coalizão, que o acusava de incitar a violência. À época, a decisão de Bremer provocou protestos e sublevação armada em cidades xiitas.
O governo das Filipinas anunciou que os últimos membros de seu contingente de 51 homens, presente desde setembro de 2003 no Iraque, irão deixar o país hoje. Manila tenta, dessa forma, obter a liberação de um filipino que foi seqüestrado. Segundo uma fonte do governo, os seqüestradores estariam dispostos a libertá-lo desde que o contingente filipino se retire rapidamente do país.
O Iraque anunciou ontem que irá indicar embaixadores para 43 países na tentativa de normalizar a relação com as outras nações.
Boa parte deles será enviada aos países árabes vizinhos. As relações com o Kuait e a Arábia Saudita foram cortadas depois que o Iraque invadiu o Kuait, em 1990, mas o chanceler Zebari afirmou ter esperanças de reatar os laços diplomáticos em breve.
Ontem o grupo de Zarqawi assumiu a responsabilidade pelos dois ataques suicidas ocorridos no sábado, incluindo um que tinha como alvo o ministro da Justiça iraquiano.
Um site islâmico postou ontem uma declaração, atribuída ao grupo de Zarqawi, oferecendo uma recompensa de US$ 280 mil a quem matar o premiê Allawi.
Na semana passada, os EUA haviam elevado de US$ 10 milhões para US$ 25 milhões o prêmio para quem fornecer informações que levem à prisão de Zarqawi.


Com agências internacionais


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