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Irã pauta visita de chanceler de Israel ao Brasil
Avigdor Liberman será recebido por Lula na quarta, na primeira parada de seu giro pela América do Sul
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
SAMY ADGHIRNI
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que patrocinou a
primeira cúpula América do
Sul-Países Árabes em 2005 e já
foi a vários países árabes, deixou para o sétimo e penúltimo
ano de governo uma abertura
mais explícita do diálogo com
Israel, que reage à desenvoltura
do arqui-inimigo Irã na região.
O ministro das Relações Exteriores de Israel, Avigdor Liberman, inicia pelo Brasil, na
terça, um giro sul-americano
que pretende reforçar a presença israelense num terreno
onde o presidente reeleito do
Irã, Mahmoud Ahmadinejad,
pisa com segurança, a partir da
Venezuela de Hugo Chávez.
Após encontros em São Paulo com o prefeito Gilberto Kassab e com presidente da Fiesp,
Paulo Skaf, Liberman será recebido por Lula na quarta.
A expectativa é que sejam finalmente acertadas a vinda do
presidente Shimon Peres ao
Brasil em novembro e a ida de
Lula a Israel no próximo ano.
Um constrangimento é que
tanto a visita de Peres quanto a
de Ahmadinejad estão previstas para novembro. Se Liberman é acusado de radical de direita e racista, Ahmadinejad
questiona o Holocausto e defende que Israel suma do mapa.
Entre os dois, o Brasil prefere
se manter neutro. Foi o único
país sul-americano convidado
para cúpula de paz no Oriente
Médio em Annapolis (EUA) em
2007, e tem enviado extraordinário para a região, o embaixador Affonso de Ouro-Preto.
Apesar disso, Lula visitou Líbia, Arábia Saudita, Líbano, Síria, Egito e Qatar, entre outros,
mas nunca foi a Israel, deixando vagos os verdadeiros motivos e a percepção de uma tendência do pró-árabe do Brasil.
Liberman é o primeiro chanceler do país a vir ao Brasil desde 1987. O último foi Peres, na
época nessa função. O subsecretário-geral do Itamaraty para África e Oriente, Piragibe
Tarragô, considera a visita "um
marco para melhorar relações".
"O Brasil é parte interessada
na estabilização do Oriente
Médio, mas não somos obrigados a concordar com tudo, nem
de um lado, nem de outro", diz.
Mas Liberman não escapará
de dizer que os aliados esquerdistas do Irã, Venezuela, Bolívia, Nicarágua e Equador, estão
aliviando o isolamento imposto
pelo Ocidente ao Irã por seu
programa nuclear, suspeito de
ter fins militares -Teerã nega.
Israel ameaça atacar centrais
atômicas do Irã e teme que grupos como o libanês Hizbollah
obtenham apoio financeiro na
região, onde Teerã está abrindo
embaixadas. "Nos preocupam
as atividades nucleares do Irã e
os esforços do país na América
do Sul", diz o embaixador de Israel no Brasil, Giora Becher.
O Brasil tentará também reequilibrar a balança comercial,
muito favorável a Israel, e serão
acertadas uma autorização de
voos diretos entre São Paulo e
Tel Aviv e medidas para reabrir
o consulado em São Paulo.
Liberman seguirá depois para Argentina, Colômbia e Peru.
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