São Paulo, domingo, 19 de julho de 2009

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Irã pauta visita de chanceler de Israel ao Brasil

Avigdor Liberman será recebido por Lula na quarta, na primeira parada de seu giro pela América do Sul

ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA

SAMY ADGHIRNI
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que patrocinou a primeira cúpula América do Sul-Países Árabes em 2005 e já foi a vários países árabes, deixou para o sétimo e penúltimo ano de governo uma abertura mais explícita do diálogo com Israel, que reage à desenvoltura do arqui-inimigo Irã na região.
O ministro das Relações Exteriores de Israel, Avigdor Liberman, inicia pelo Brasil, na terça, um giro sul-americano que pretende reforçar a presença israelense num terreno onde o presidente reeleito do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, pisa com segurança, a partir da Venezuela de Hugo Chávez.
Após encontros em São Paulo com o prefeito Gilberto Kassab e com presidente da Fiesp, Paulo Skaf, Liberman será recebido por Lula na quarta.
A expectativa é que sejam finalmente acertadas a vinda do presidente Shimon Peres ao Brasil em novembro e a ida de Lula a Israel no próximo ano.
Um constrangimento é que tanto a visita de Peres quanto a de Ahmadinejad estão previstas para novembro. Se Liberman é acusado de radical de direita e racista, Ahmadinejad questiona o Holocausto e defende que Israel suma do mapa.
Entre os dois, o Brasil prefere se manter neutro. Foi o único país sul-americano convidado para cúpula de paz no Oriente Médio em Annapolis (EUA) em 2007, e tem enviado extraordinário para a região, o embaixador Affonso de Ouro-Preto.
Apesar disso, Lula visitou Líbia, Arábia Saudita, Líbano, Síria, Egito e Qatar, entre outros, mas nunca foi a Israel, deixando vagos os verdadeiros motivos e a percepção de uma tendência do pró-árabe do Brasil.
Liberman é o primeiro chanceler do país a vir ao Brasil desde 1987. O último foi Peres, na época nessa função. O subsecretário-geral do Itamaraty para África e Oriente, Piragibe Tarragô, considera a visita "um marco para melhorar relações".
"O Brasil é parte interessada na estabilização do Oriente Médio, mas não somos obrigados a concordar com tudo, nem de um lado, nem de outro", diz.
Mas Liberman não escapará de dizer que os aliados esquerdistas do Irã, Venezuela, Bolívia, Nicarágua e Equador, estão aliviando o isolamento imposto pelo Ocidente ao Irã por seu programa nuclear, suspeito de ter fins militares -Teerã nega.
Israel ameaça atacar centrais atômicas do Irã e teme que grupos como o libanês Hizbollah obtenham apoio financeiro na região, onde Teerã está abrindo embaixadas. "Nos preocupam as atividades nucleares do Irã e os esforços do país na América do Sul", diz o embaixador de Israel no Brasil, Giora Becher.
O Brasil tentará também reequilibrar a balança comercial, muito favorável a Israel, e serão acertadas uma autorização de voos diretos entre São Paulo e Tel Aviv e medidas para reabrir o consulado em São Paulo.
Liberman seguirá depois para Argentina, Colômbia e Peru.


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