São Paulo, segunda-feira, 19 de julho de 2010

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FOCO

Hamas proíbe o uso de narguilé, uma das escassas opções de lazer em Gaza

MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM

Além do bloqueio imposto por Israel, os moradores da faixa de Gaza enfrentam um cerco religioso cada vez mais rigoroso do movimento islâmico Hamas, que controla o território palestino.
O grupo começou neste fim de semana a proibir o uso em público do narguilé, o cachimbo que é uma das mais populares tradições do mundo árabe.
De acordo com o Hamas, a proibição é somente para as mulheres. Mas frequentadores de cafés da orla de Gaza contaram à Folha que policiais à paisana estão banindo o cachimbo para os homens também.
O consumo do narguilé, cachimbo constituído de um longo tubo e um recipiente de água e tabaco de diversos sabores, é das poucas opções de lazer na faixa de Gaza, além da praia.
Desde que assumiu o controle do território, após expulsar o partido laico Fatah, o Hamas tem aplicado normas islâmicas de conduta, o que contraria boa parte da população local.
Analistas apontam a pressão de grupos menores e mais radicais em Gaza, alguns ligados à Al Qaeda de Osama bin Laden, como a razão da postura mais rígida.
Há poucos meses, homens foram proibidos de trabalhar em salões de cabeleireiro femininos e mulheres de usar motocicletas. Algumas normas, porém, não pegaram.
O uso do hijab (véu islâmico) tornou-se obrigatório para as mulheres em centros educativos e em alguns fóruns de Justiça, mas nem todas obedecem. Nas ruas de Gaza ainda é comum mulheres e meninas circularem com roupas ocidentais e sem a cabeça coberta.
Taher Alnonno, porta-voz do governo, diz que a proibição do narguilé em público não se destina a "islamizar" Gaza, mas a "restaurar" a tradição. "É uma vergonha para uma mulher palestina que a vejam de pernas cruzadas fumando em público", diz.

NEGOCIAÇÕES
Em visita ontem a Gaza, a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, pediu que Israel continue a aliviar o bloqueio não apenas à entrada de bens mas também para permitir a exportação de produtos palestinos.
Também ontem, o premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, conversou no Cairo com o ditador do Egito, Hosni Mubarak, sobre a retomada de negociações diretas com os palestinos. Mas, após o encontro, o chanceler egípcio, Ahmed Aboul Gheit, disse que ainda não há condições para um contato direto.


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