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FOCO
Hamas proíbe o uso de narguilé, uma das escassas opções de lazer em Gaza
MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM
Além do bloqueio imposto
por Israel, os moradores da
faixa de Gaza enfrentam um
cerco religioso cada vez mais
rigoroso do movimento islâmico Hamas, que controla o
território palestino.
O grupo começou neste
fim de semana a proibir o uso
em público do narguilé, o cachimbo que é uma das mais
populares tradições do mundo árabe.
De acordo com o Hamas, a
proibição é somente para as
mulheres. Mas frequentadores de cafés da orla de Gaza
contaram à Folha que policiais à paisana estão banindo
o cachimbo para os homens
também.
O consumo do narguilé,
cachimbo constituído de um
longo tubo e um recipiente
de água e tabaco de diversos
sabores, é das poucas opções
de lazer na faixa de Gaza,
além da praia.
Desde que assumiu o controle do território, após expulsar o partido laico Fatah,
o Hamas tem aplicado normas islâmicas de conduta, o
que contraria boa parte da
população local.
Analistas apontam a pressão de grupos menores e
mais radicais em Gaza, alguns ligados à Al Qaeda de
Osama bin Laden, como a razão da postura mais rígida.
Há poucos meses, homens
foram proibidos de trabalhar
em salões de cabeleireiro femininos e mulheres de usar
motocicletas. Algumas normas, porém, não pegaram.
O uso do hijab (véu islâmico) tornou-se obrigatório para as mulheres em centros
educativos e em alguns fóruns de Justiça, mas nem todas obedecem. Nas ruas de
Gaza ainda é comum mulheres e meninas circularem
com roupas ocidentais e sem
a cabeça coberta.
Taher Alnonno, porta-voz
do governo, diz que a proibição do narguilé em público
não se destina a "islamizar"
Gaza, mas a "restaurar" a tradição. "É uma vergonha para
uma mulher palestina que a
vejam de pernas cruzadas fumando em público", diz.
NEGOCIAÇÕES
Em visita ontem a Gaza, a
chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, pediu que Israel continue a aliviar o bloqueio não apenas à
entrada de bens mas também
para permitir a exportação de
produtos palestinos.
Também ontem, o premiê
de Israel, Binyamin Netanyahu, conversou no Cairo com
o ditador do Egito, Hosni Mubarak, sobre a retomada de
negociações diretas com os
palestinos. Mas, após o encontro, o chanceler egípcio,
Ahmed Aboul Gheit, disse
que ainda não há condições
para um contato direto.
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