São Paulo, terça-feira, 19 de julho de 2011

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Interpol trabalhou para capturar inimigos de regimes

Relatório mostra que a Polícia Internacional lançou "alertas vermelhos" contra opositores políticos de governos como Irã e Rússia

DE SÃO PAULO

A Interpol, Polícia Internacional, seguiu nos últimos anos o rastro de inimigos políticos de alguns governos e contribuiu para que eles pudessem capturar e até executar opositores.
Segundo o Consórcio Internacional para Jornalismo Investigativo (ICIJ, na sigla em inglês), que reúne repórteres investigativos de 90 países, a Interpol lançou seu "alerta vermelho" para procurar desavenças políticas de regimes como do Irã, da Venezuela, Rússia e Tunísia.
Um levantamento feito pela jornalista Libby Lewis, que integra o ICIJ, analisou 7.622 alertas, emitidos durante cinco meses -com início em 10 de dezembro de 2010.
Destes, um quarto tinham como origem países com "graves restrições aos direitos políticos e liberdades civis" e quase a metade (3.600) vinha de "nações consideradas corruptas por observadores internacionais".
A Rússia, por exemplo, teria usado a Interpol para perseguir, pelo menos, 12 pessoas que denunciaram negócios ligados ao primeiro-ministro, Vladimir Putin.
A Tunísia, para rastrear membros do partido de oposição islâmico Al Nahda.
Pelo menos uma dúzia de dissidentes políticos da oposição no Irã que já vivem em outros países também tiveram seu "alerta vermelho" expedido.
"Nós pressupomos que um pedido de prisão é dado por um juiz que não é corrupto, e, é claro, que o caso não é político", disse o advogado Yaron Gottlieb, que defende a Interpol desde 2005.
Segundo a Interpol, apenas 3% de seus alertas, no entanto, recebem pedido de revisão. Nos últimos meses, a Interpol bloqueou mais de 20 solicitações feitas pelo governo de Hugo Chávez contra banqueiros e ex-líderes políticos, que alegaram ser alvo do presidente venezuelano.
Um deles é Manuel Rosales, que perdeu para Chávez a eleição presidencial de 2006. Em 2009, a Interpol o inseriu na lista dos mais procurados -depois que ele já havia pedido asilo político no Peru.
Rosales foi discretamente retirado do site da Interpol. Agora, os pedidos de captura vindos da Venezuela são analisados "de perto".


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