São Paulo, sábado, 19 de agosto de 2006

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GUERRA NO ORIENTE MÉDIO

ONU faz apelo à Europa por tropas

Vice-secretário-geral diz que contribuição européia vai contrabalançar a participação de países muçulmanos

Indonésia, Bangladesh e Malásia fazem as maiores ofertas; para Israel, atuação de nações com quem não tem relações é impensável


DA REDAÇÃO

A ONU fez um apelo ontem para que os países europeus contribuam com tropas para a força de paz no Líbano para contrabalançar as ofertas feitas por nações muçulmanas.
Os três maiores contingentes foram oferecidos por Bangladesh (2.000 soldados), Indonésia e Malásia (1.000 soldados cada). Israel, porém, se opõe à participação de países com quem não tenha relações diplomáticas, como é o caso dos três.
"É muito importante que a Europa agora se ofereça", disse o vice-secretário-geral da ONU, Mark Malloch Brown, após reunião com 49 potenciais contribuintes.
"Queremos que essa força tenha um caráter multinacional e multilateral para que goze da confiança dos dois lados. O apelo particular que faço é que a Europa entre com tropas nessa primeira leva", disse.
A ONU espera enviar uma primeira leva de 3.500 soldados até 27 de agosto. De acordo com a resolução do Conselho de Segurança, a força deve ser composta por até 15.000 homens.
Ontem, o governo italiano aprovou envio de tropas para o Líbano, mas não falou de números específicos -segundo fontes do governo, seriam 3.000 soldados. O ministro da Defesa italiano, Arturo Parisi, disse que o tamanho do contingente vai depender da contribuição dos demais países.
Já a Finlândia decidiu mandar até 250 capacetes azuis, mas só a partir de novembro.

"Impensável"
"A resolução deixa claro que a força [de paz] tem de ser acordada com o Líbano e com Israel. Essa é uma força que a ONU pode compor, mas não impor", disse o embaixador de Israel na ONU, Dan Gillerman. O vice-secretário-geral havia dito que a "palavra final" sobre a composição da força seria da ONU.
"Israel não está descartando ninguém e não está vetando países árabes e muçulmanos. Ao contrário, sua participação seria bem-vinda", disse Gillerman. "Mas a participação de países que sejam hostis a Israel ou não reconheçam o direito de Israel de existir é impensável."
Esperava-se que a França, que comanda a atual força de 2.000 homens conhecida como Unifil, fizesse uma contribuição significativa à nova força. Mas o presidente Jacques Chirac desapontou a ONU ao anunciar que a participação da França seria de apenas 200 homens.
A ministra da Defesa francesa, Michele Alliot-Marie, justificou a decisão lembrando "a experiência de operações dolorosas em que as forças da ONU não tinham uma missão suficientemente precisa ou meios para reagir".
"A França disse que enviaria alguns soldados. Esperamos que envie mais", disse o presidente George W. Bush. Os EUA irão contribuir com apoio logístico à força.

Ajuda para reconstrução
Ontem, o Hizbollah começou a distribuir US$ 12 mil para cada libanês que teve sua casa danificada ou destruída pelos bombardeios israelenses. Estima-se que 15 mil residências tenham sido atingidas durante os ataques. Segundo um membro do Hizbollah, 900 pessoas tinham recebido a compensação até ontem. Do total, US$ 8 mil são para a compra de móveis e US$ 4 mil representam um ano de aluguel.
O chefe do Conselho para o Desenvolvimento e a Reconstrução do Líbano, Al Fadl Shalaq, disse que a guerra provocou prejuízos da ordem de US$ 3,6 bilhões. "Você pode comparar esses prejuízos com as perdas que o Líbano sofreu durante 17 anos [de guerra civil]."


Com agências internacionais

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