São Paulo, quinta-feira, 19 de agosto de 2010

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Filhos de Sakineh dispensam defensor asilado na Noruega

Pressionados por nova acusação, irmãos desautorizam advogado que fugiu do Irã a fazer comentários do caso

Entidade que age como porta-voz da família da iraniana ataca abertura de dados confidenciais do caso e aponta risco


DE SÃO PAULO

Os filhos da iraniana Sakineh Ashtiani, condenada a morrer apedrejada pelo crime de adultério, afirmaram, em bilhete enviado na terça ao Comitê Internacional contra Apedrejamento (Icas, na sigla em inglês), que o advogado Mohammad Mostafaei não responde mais pelo caso.
"Agora que o senhor está no exterior e, dado o fato de que o senhor só foi responsável [pelo caso] até 20/03/1389 [10 de junho de 2010], queremos agradecer uma vez mais por todo o esforço e pedir que não fale mais do caso de nossa mãe como seu advogado", dizem Saide e Sajad na carta.
Com membros em vários países, o Icas é a entidade que lidera a campanha pela libertação de Sakineh e que, desde que o caso ganhou o mundo, se tornou uma espécie de porta-voz da família.
Reconhecido defensor dos direitos humanos, Mostafaei fugiu do Irã no final de julho. Ele está vivendo na Noruega.
Ontem, em nota, a presidente do Icas, Mina Ahadi, uma política iraniana que vive no exílio em Colônia (Alemanha), revelou que o estopim para o rompimento foram as declarações do advogado à revista alemã "Der Spiegel" sobre o suposto envolvimento de Sakineh no assassinato do marido.
Na entrevista, Mostafaei fala da suspeita de que Sakineh tenha drogado o marido para que um comparsa o eletrocutasse à morte.
Segundo Ahadi, Mostafaei era responsável só pelo processo por adultério, e "é um princípio que nenhum advogado no mundo está autorizado a tornar públicas informações contidas num caso". Ela afirma que, numa ação paralela, Sakineh foi absolvida da acusação.
É justo nessa acusação que as autoridades iranianas têm se baseado para tratar Sakineh como uma ré comum.
"O que está em jogo no caso Sakineh é a vida dela. Logo, qualquer declaração que confirme as acusações, ainda que implicitamente, pode ter um forte impacto negativo", diz Ahadi. (GABRIELA MANZINI)


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